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Discute-se bastante o cuidar holístico, mas até que ponto esse tratar integral acontece? Cada indivíduo traz consigo diversas singularidades que merecem atenção diferenciada. Seus anseios, sua subjetividade, suas vivências anteriores, medos, costumes e ainda a cultura do meio em que está inserido são contribuintes no processo de saúde-doença. Dessa forma, é fundamental que dentro de práticas coletivas, tenha-se em mente que o que pode ser bom para um determinado grupo de indivíduos, para outros pode ir contra seus ideais e costumes. Mediante a essa contextualização inicial, surgiu a seguinte inquietação: como realizar uma abordagem coletiva, sem interferir na singularidade individual? Buscando respostas para tal inquietação objetivou-se realizar um levantamento bibliográfico acerca da temática em questão, buscando compreender os fatores relacionados a tal situação. Os dados foram explorados nos bancos de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) no período de maio a julho de 2015, cruzando os descritores educação popular, saúde coletiva e educação em saúde e utilizando os seguintes filtros: texto completo estudos publicados nos últimos cinco anos e idioma português. Dentre as implicações encontradas na literatura destacou-se que a educação popular constitui-se em uma base pedagógica voltada para ações na comunidade levando em consideração a cultura e os saberes adquiridos anteriormente pelos sujeitos envolvidos em tais práticas. Neste aspecto somos levados a perceber que o saber não é absoluto, ele está em construção contínua e não existem verdades prontas, tudo está em movimento. Ao mesmo tempo a educação popular tem um caráter reflexivo na qual se baseando nos pensamentos de Paulo Freire percebe-se que a educação não é simplesmente a transmissão de conhecimentos, mas sim a construção dele. Na literatura foi encontrado que os profissionais devem estar aptos a driblar as imposições, as questões devem ser debatidas de forma natural e participativa, onde todos possam se expressar e compartilhar suas experiências. As práticas de educação popular são métodos preconizados pelo Ministério da Saúde, porém encontram grande resistência tendo em vista o contexto histórico na qual se moldou o Sistema Único de Saúde (SUS), focado no modelo curativo e tecnicista. Desta maneira conclui-se que As práticas coletivas devem ser realizadas de maneira cautelosa, respeitando a singularidade de cada ser. A educação popular é feita de possibilidades e foge da especificidade que o modelo biomédico traz e isto não é confortável para aquelas profissionais que se adaptaram a alta resolutividade que protocolos, por vezes estabelecidos proporcionam. Não que seja recomendado deixar totalmente o sistema biologista em segundo plano, mas é necessário que haja um paralelo entre as práticas, proporcionando de forma real uma conexão coletiva com o sujeito singular.

Educação Popular. Saúde Coletiva. Educação em Saúde.