Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
Orientações de enfermagem: um estudo com puérperas em alojamento conjunto
Ana Paula de Lima, Lourdes Missio, Danyelle Tamie Morishita, Ceny Longhi Rezende, Heloísa Bruna Grubits Freire
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
Apresentação: No período pós-parto acontecem modificações locais e sistêmicas, desenvolvidas durante a gravidez e parto, e que retornam à situação do estado pré-gravídico. Esse período inicia-se após a dequitação da placenta e seu término é imprevisto, uma vez que, enquanto a puérpera estiver amamentando as modificações da gestação ainda estarão ocorrendo (BRASIL, 2001). Durante a internação hospitalar no período pós-parto, a puérpera utiliza o setor de alojamento conjunto (AC) da maternidade. O alojamento conjunto foi criado para promover um relacionamento favorável entre o binômio mãe-filho desde os primeiros momentos de vida do recém-nascido (RN), onde o mesmo permanece junto à sua mãe durante 24 horas por dia até a alta hospitalar (PASQUAL; BRACCIALLI; VOLPONI, 2010). Nesse momento, a mãe tem a possibilidade de cuidar diretamente do seu filho, ao mesmo tempo em que é assistida pela equipe de enfermagem. Esses profissionais, por sua vez, desempenham papel importante na educação das puérperas quanto aos cuidados essenciais ao RN, devem adotar uma postura diferenciada, desenvolvendo através do conhecimento científico o compromisso e o envolvimento com a assistência a ser prestada ao binômio mãe-filho (PILOTTO; VARGENS; PROGIANTI, 2009). Pesquisas demonstram que a realização de atividades educativas voltadas para o desenvolvimento das habilidades maternas quanto aos cuidados do filho é de extrema importância, pois, é ainda no AC que a puérpera realizará os primeiros cuidados ao RN (SOARES; SILVA, 2003). Além disso, a equipe de enfermagem deve adotar uma postura diferenciada, desenvolvendo através do conhecimento científico o compromisso e o envolvimento com a assistência a ser prestada ao binômio mãe-filho (ODININO; GUIRARDELLO, 2010). Neste contexto, com a vivência das autoras atuando em AC, este estudo teve como objetivo conhecer a atuação da equipe de enfermagem no alojamento conjunto em relação às orientações dos cuidados ao recém-nascido na visão de puérperas, no município de Dourados-MS, Brasil. Método do estudo: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva de corte transversal realizada mediante aplicação de questionário em 28 puérperas assistidas em três Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF) no município de Dourados-MS, no período de junho a setembro de 2011. Resultados: Das puérperas que participaram do estudo, identificou-se que 42,86% possuíam idade entre 19 a 25 anos, 71,43% identificaram-se como brancas e 39,28% estudaram até o ensino médio; 53,57% solteiras e renda familiar de até três salários mínimos (75%). O estudo demonstrou que 25 puérperas (89,28%) receberam orientações em relação aos cuidados com o RN. E que, as orientações foram realizadas pela equipe de enfermagem (20,0%) ou por acadêmicos de enfermagem (80,0%). Com relação à equipe de enfermagem, as mulheres não souberam diferenciar quem realizou as orientações (enfermeiro, técnico em enfermagem ou auxiliar de enfermagem). As orientações recebidas foram sobre aleitamento materno (100%), banho (100%), cuidados com o coto umbilical (100%), vacinação (100%), troca de fraldas (100%) e outros (7,4%). Além disso, nenhuma puérpera participou de atividades educativas (palestras, roda de conversa, vídeos informativos, etc.). As orientações realizadas abordavam temas como aleitamento materno, banho, cuidados com o coto umbilical, vacinação e troca de fraldas. As principais orientações dos cuidados mediatos do RN devem ser realizadas no ambiente hospitalar, e englobam banho, troca de fralda, importância do aleitamento materno e pega correta, curativo do coto umbilical e tamanho adequado da fralda para evitar infecções e dermatites. E para isso, é necessária uma equipe de enfermagem preparada e treinada. As puérperas também relataram pouco envolvimento da equipe de enfermagem no auxílio dos cuidados com o RN. Isso pode ser observado, pois apenas duas puérperas receberam ajuda da equipe de enfermagem. E, segundo as mesmas, o auxílio só ocorreu porque estavam com dificuldades na amamentação. Na maioria dos casos as mulheres contaram apenas com apoio de familiares. Entretanto, verificou-se que grande parte das orientações foi feita por acadêmicos de enfermagem. Das mulheres que receberam orientações da equipe de enfermagem, nenhuma soube diferenciar qual profissional de enfermagem que realizou tal orientação (enfermeiro, técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem). As orientações realizadas abordavam temas como aleitamento materno, banho, cuidados com o coto umbilical, vacinação e troca de fraldas. As principais orientações dos cuidados mediatos do RN devem ser realizadas no ambiente hospitalar, e englobam banho, troca de fralda, importância do aleitamento materno e pega correta, curativo do coto umbilical e tamanho adequado da fralda para evitar infecções e dermatites. E para isso, é necessária uma equipe de enfermagem preparada e treinada (ODININO; GUIRARDELLO, 2010). Outro ponto importante foi em relação à educação em saúde. Nenhuma das entrevistadas participou de atividades educativas, o que vai contra a regulamentação do Ministério da Saúde. Segundo a Portaria MS/GM nº 1016/93 o AC foi criado com o intuito de incentivar a lactação e o aleitamento materno, favorecendo o relacionamento do binômio mãe/filho e o desenvolvimento de programas educacionais de saúde (BRASIL, 2001). De um modo geral, as mulheres mostraram-se satisfeitas com a assistência recebida. Entretanto, deve-se ter em mente que na maioria dos casos as orientações foram realizadas por acadêmicos e não pela equipe de enfermagem. Outro aspecto que contribuiu para tal avaliação foi o fato da maternidade vinculada ao Sistema único de Saúde ser pertencente a um hospital-escola, onde é comum a presença de acadêmicos de diversos cursos da área de saúde. Considerações finais: De acordo com a análise dos dados concluiu-se que a maioria das puérperas é adulta jovem, branca, escolaridade entre ensino fundamental incompleto e médio completo, renda familiar baixa, multípara e que realizou assistência pré-natal com profissional enfermeiro. Além disso, houve predomínio de parto normal e ausência de intercorrências durante a gestação. Além disso, as puérperas receberam auxílio apenas de familiares com os cuidados com o RN. A equipe de enfermagem auxiliou apenas em casos de extrema necessidade, como dificuldades na amamentação. E, as atividades educativas foram inexistentes. Apesar das orientações realizadas pela equipe de enfermagem serem precárias, as puérperas avaliaram como adequadas as orientações recebidas. Por fim os resultados desta pesquisa apontaram pouco envolvimento da equipe de enfermagem no acolhimento das mulheres no alojamento conjunto, deixando essa tarefa em grande parte para acadêmicos, ficou clara a necessidade de estratégias que visem uma melhor assistência da equipe de enfermagem ao binômio mãe-filho.
Palavras-chave
(Equipe de Enfermagem; Período Pós-Parto; Recém-Nascido).
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.
ODININO, N. G.; GUIRARDELLO, E. B. Satisfação da puérpera com os cuidados de enfermagem recebidos em um alojamento conjunto. Texto Contexto Enferm. Florianópolis, v. 19, n. 4, p. 682-690, out./dez. 2010.
PASQUAL, K. K.; BRACCIALLI, L. A. D.; VOLPONI, M. Alojamento conjunto: espaço concreto de possibilidades e o papel da equipe multiprofissional. Cogitare Enferm. Marília, v. 15, n. 2, p. 334-339, abr./jun. 2010.
PILOTTO, D. T.S. VARGENS, O. M. C.; PROGIANTI, J. M. Alojamento conjunto como espaço de cuidado materno e profissional. Rev Bras Enferm. Brasília, v. 62, n. 4, p. 62-64, jul./ago. 2009.
SOARES, A. V. N.; SILVA, I. A. Representações de puérperas sobre o sistema alojamento conjunto: do abandono ao acolhimento. Rev Esc Enferm USP. São Paulo, v. 37, n. 2, p. 72-80, Abr/Jun 2003.