Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
CONSTRUÇÃO COLETIVA: ESTRATÉGIA DIALÓGICA PARA A RECONSTRUÇÃO DA REALIDADE
Jéssica Lorrane Silva Moreira, Luciana Alves Silveira Monteiro, Jaqueline Marques Lara Barata
Última alteração: 2015-10-30
Resumo
APRESENTAÇÃO: Ao considerar os modelos de gestão centralizados e verticais, a presença marcante do modelo biomédico, do estabelecimento de relações de trabalho precárias, juntamente com o despreparo dos profissionais para lidar com os aspectos subjetivos dos indivíduos, percebe-se a necessidade de convocar os trabalhadores a olharem para os processos de trabalho, em busca de estratégias que promovam mudança na forma de produzir saúde. Visto que os profissionais de saúde dominam diversas técnicas e tecnologias, mas incapazes, em sua maioria, de lidar com a subjetividade e a diversidade cultural e interpessoal, torna-se relevante promover a ampliação de espaços democráticos de discussão e de decisões coletivas. Ressalta-se que essa prática afeta diretamente o modo de prestar assistência ao usuário e influencia positivamente na satisfação dos trabalhadores. O presente estudo tem por objetivo promover espaços para a construção coletiva e dialógica de estratégias voltadas para o aprimoramento das relações interpessoais, recursos, área física e processos organizacionais tanto nas unidades administrativas, quanto nos setores assistenciais e de apoio. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência desenvolvido pelo setor de Humanização em um hospital de grande porte no cenário mineiro, onde foram realizadas rodas de conversa desde Abril/2015 com servidores e profissionais de apoio. Foram confeccionadas como estratégias “caixas de ideias”, buscando-se canalizar a expressão do colaborador através da escrita, através de sugestões, ideias e questionamentos, na tentativa detectar necessidades e potencialidades existentes no processo de trabalho. Após a confecção das caixas, houve apresentação do projeto aos coordenadores, e distribuição destas nos respectivos setores. As manifestações foram recolhidas, analisadas e categorizadas em uma planilha contemplando itens como área física, relações interpessoais, recursos, processo de trabalho e sugestões. Após o agrupamento dos relatos, foram realizadas rodas de conversa com a presença dos profissionais e coordenadores dos andares, objetivando estabelecer espaços coletivos de “ofertas e demandas”. As rodas ocorreram em horário de trabalho e o número de participantes variou de acordo com a dinâmica do andar. RESULTADOS E IMPACTOS: Com o intuito de problematizar situações inerentes ao cotidiano, a estratégia implementada, bem como as rodas de conversa possibilitaram uma análise coletiva junto daqueles que vivenciam os dilemas cotidianos. Tal ação repercutiu positivamente junto aos colaboradores participantes, uma vez que a construção coletiva torna-se um canal assertivo de comunicação entre trabalhadores e gestores. Percebeu-se também, que a insatisfação dos profissionais não é resultado somente da insuficiência das soluções pontuais, mas, principalmente, do modo como os problemas frequentemente são concebidos e colocados. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Considerando a complexidade da organização de trabalho, a intervenção representa um instrumento favorável para que o profissional possa compreender a sua realidade de forma consciente, buscando soluções concretas e apontando mudança. Ressalta-se que a utilização das tecnologias leves na gestão do trabalho privilegia a reorientação do modelo, mediante valorização do outro e ampliação da capacidade de análise das pessoas. Nessa perspectiva, implementar um diálogo horizontal, articulado com um clima organizacional influencia nos comportamentos do indivíduo na organização.
Palavras-chave
Humanização em saúde; Construção coletiva; Gestão em saúde
Referências
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