Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Colonização por Estreptococos do grupo B (EGB): ocorrência, desempenho do meio Hitchens-Pike-Todd-Hewitt (HPTH) e sensibilidade antimicrobiana de EGB em isolados clínicos de gestantes usuárias de serviço público de saúde
SIMONE CRISTINA CASTANHO SABAINI DE MELO, Rosilene Fressatti Cardoso, Maria Dalva Barros Carvalho, Flávia Teixeira Ribeiro Silva, Regiane Bertin Lima Scodro, Aline Balandis Costa, Sandra Marisa Pelloso

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


O Estreptococo do Grupo B (EGB) ou Streptococcus agalactiae pode fazer parte da microbiota dos seres humanos, colonizando principalmente o trato gastro-intestinal e geniturinário. Esta espécie é frequentemente relacionada a doenças potencialmente fatais em recém-nascidos, como septicemia, pneumonia e meningite e está associada a complicações durante a gravidez e período pós-parto. Os objetivos deste estudo foram analisar a ocorrência de EGB em gestantes usuárias do serviço público de saúde, o desempenho do meio de cultura Hitchens-Pike-Todd-Hewitt (HPTH) e a sensibilidade antimicrobiana de isolados clínicos de EGB. Estudo transversal analítico descritivo realizado com 556 gestantes, das quais 496 estavam com 35-37 semanas de gestação e 60 estavam com ≥ 38 semanas. O estudo foi realizado de setembro de 2011 a março de 2014 no norte do Paraná. Amostras clínicas – vaginal e anorretal – de cada gestante foram semeadas em ágar sangue de carneiro, em meio HPTH e Todd-Hewitt. Os isolados clínicos estudados foram submetidos ao teste de susceptibilidade aos antimicrobianos por difusão em agar, de acordo com as normas do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Das 496 gestantes, 141 (28,4%) foram positivas para EGB, com base na combinação dos três meios de cultura e espécimes clínicos. As taxas de detecção foram de 22,2% para o meio HPTH, 21,2% para agar sangue de carneiro, e 13,1% para o caldo de enriquecimento Todd-Hewitt. Das 60 gestantes com ≥ 38 semanas de gestação, sete (11,7%) foram positivas para EGB, sendo que houve crescimento nos meios de HPTH e Agar sangue de carneiro. Das 141 gestantes positivas para EGB foram realizados 136 testes de sensibilidade aos antimicrobianos, no qual 100% foram sensíveis a penicilina. A eritromicina apresentou 8,1% de resistência e a clindamicina 2,2%. Os resultados demonstram que o meio HPTH e Agar sangue de carneiro foram mais sensíveis que o caldo de enriquecimento Todd-Hewitt para triagem de EGB em gestantes, indicando que os dois meios devem ser usados em conjunto para amostras vaginal e anorretal. Todos os isolados de EGB mostraram sensibilidade à droga mais frequentemente usada para a profilaxia intraparto: penicilina. O índice de resistência a clindamicina e a eritromicina, embora baixo, também foi detectado. Isto mostra a importância de se avaliar a susceptibilidade aos antimicrobianos evitando possíveis falhas na quimioprofilaxia empírica, e assim prevenir corretamente a infecção neonatal. A prevalência de colonização por EGB nas gestantes deste estudo confirma a necessidade de inserir a pesquisa desta bactéria como rotina no protocolo de exames pré-natais preconizados pelo SUS, para assim realizar o diagnóstico e tratamento prévio, minimizando custos com internação hospitalar e melhorias na qualidade da saúde das gestantes e recém-nascidos.  

Palavras-chave


estreptococos do grupo B; infecção neonatal; meio de cultura, gestantes, teste de sensibilidade.

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