Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Eiras e Beiras: atenção psicossocial em álcool e drogas em uma roda de violão
Tassiana Gonçalves Constantino dos Santos, Maria Paula Naves Vasconcelos, Rodrigo Baccarini, Marcelo Dalla Vecchia

Última alteração: 2015-10-22

Resumo


Relatam-se atividades realizadas no Programa de Extensão da Universidade Federal de São João del-Rei “Eiras e Beiras: Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas – Consolidando Redes, Garantindo Direitos”, que trabalha dentro da perspectiva da redução de danos e busca promover os direitos humanos daqueles que fazem uso/abuso de drogas. A intervenção nas unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF), especificamente, busca elaborar, viabilizar, conduzir e avaliar Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) voltados para pessoas que fazem uso prejudicial de álcool e drogas, e suas famílias, como dispositivo de atenção psicossocial. Desenvolvimento do Trabalho: Uma das famílias atendidas é formada por sete membros que residem em um mesmo terreno, em casas separadas por um muro. Dentre os membros da família, três fazem uso problemático de álcool. No início do trabalho, um deles havia voltado de uma internação de três meses em casa de recuperação e estava abstinente. A família em questão já havia sido acompanhada por estagiários do mesmo Programa no ano de 2014. Isso facilitou a formação de vínculo entre os novos estagiários e os membros da família. Num primeiro momento, a criação e manutenção do vínculo foi o foco, assim como entender a dinâmica familiar. Primeiramente, foi possível perceber que a família era extremamente unida, havendo uma rede de apoio mútuo entre seus membros. Porém, por vezes, isso consistiu em um empecilho para o trabalho, visto que o uso problemático do álcool ocorria dentro da família e junto de amigos da vizinhança, impedindo-os de procurar outros círculos e atividades sociais. Resultados: As visitas à família permitiram aos estagiários participar da dinâmica familiar. Era possível acompanhar o desenvolvimento de atividades do cotidiano de seus membros. Em uma roda, da qual os estagiários fizeram parte, o violão, que há tempos não fazia mais parte do cotidiano da família, foi instrumento que suscitou memórias e foi ligação com o passado, permitindo aos estagiários acessar parte da história que ainda não havia sido manifesta nos atendimentos. O álcool aparece nesse momento, revelando os modos de contato da família com ele, como meio para a diversão e a união. Considerações finais: O trabalho com essa família, de um bairro de baixo nível sócio-econômico, em uma situação de alta vulnerabilidade social, vem ocorrendo há dois anos, mantendo rotatividade de estagiários, mas procurando fazer as passagens dos casos de forma a manter vínculo e a confiança. Isso potencializa o desenvolvimento das atividades e continuação do processo. O estabelecimento e a continuidade desse vínculo permite aos estagiários, juntamente com os usuários de álcool dessa família, refletirem acerca do tipo de relação estabelecido com a droga, facilitando a busca de estratégias para conquistar um padrão de uso menos arriscado; em outras palavras, abrindo espaço para outras vivências do sujeito, não sendo o álcool mais centro de sua vida.  

Palavras-chave


Atenção psicossocial; Estudo de caso; Uso problemático de álcool e drogas; Projeto terapêutico singular.