Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Avaliação eletromiográfica dos músculos do assoalho pélvico em mulheres portadoras de Esclerose Múltipla e Mielopatia Associada ao HTLV-1 (HAM/TSP)
Anna Alice Vidal Bravalhieri, Priscilla Dontechef, Jucelia dos Santos, Daniele Decanine, Ana Beatriz Gomes de Souza Pegorare, Débora Zanutto Velasques

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


O assoalho pélvico é um conjunto de estruturas, como fáscias, ligamentos e músculos que formam a porção inferior da cavidade abdomino-pélvica. Dentre outras funções, é responsável em manter a continência urinária. A perda das funções dessas estruturas, seja por lesão nervosa direta ou por distensão/laceração muscular, pode reduzir a capacidade do assoalho pélvico e enfraquecer o mecanismo de continência permitindo a perda urinária, assim, interferindo negativamente na qualidade de vida causando limitações físicas, sociais, ocupacionais e ou sexuais. A Esclerose Múltipla (EM) e a Mielopatia Associada ao HTLV-1 (HAM/TSP) são desordens neurológicas crônicas, caracterizadas por ataque auto-imune à bainha de mielina causando desmielinização do nervo afetado, no qual geralmente resulta na diminuição da condução pelo nervo. Um método de avaliação que vem sendo recentemente utilizado para avaliar a função dos músculos do assoalho pélvico é a eletromiografia (EMG) com uso de sensor vaginal. Além de avaliar a capacidade de contração muscular, a EMG registra a amplitude de contração em microvolts (µV), sendo que os valores registrados em repouso caracterizam o tônus basal da musculatura. Durante a contração muscular, a EMG oferece informações sobre as fibras fásicas que produzem contrações de máxima amplitude e maior tempo de duração. O estudo teve como objetivo avaliar a atividade mioelétrica da musculatura do assoalho pélvico de mulheres portadoras de EM, mielopatia associada ao HTLV-1 e mulheres saudáveis. Foi utilizado um eletromiógrafo Miotool 400, para a captação da atividade mioelétrica. Participaram do estudo 15 mulheres, sendo 5 pacientes em cada grupo. Os resultados demonstraram que as mulheres infectadas com o vírus HTLV-1 possuem um maior tônus basal da musculatura do assoalho pélvico, em comparação com as pacientes portadoras da EM. Em relação à força de contração total, as mulheres com o vírus HTLV-1 tiveram uma melhor captação do sinal elétrico dos MAP comparando-se com as doadoras saudáveis e as portadoras de EM. Em geral, as portadoras de EM apresentaram uma menor chegada do sinal elétrico em todos os quesitos avaliados, tanto no tônus basal como nas contrações voluntárias. Acredita-se que devido o acometimento neurológico das pacientes com EM ser maior do que o das pacientes com HTLV-1 que se apresentaram assintomáticas, a condução do sinal elétrico até a musculatura do assoalho pélvico é em menor quantidade.

Palavras-chave


Esclerose Múltipla; HTLV-1; Eletromiografia; Incontinência urinária

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