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A Universalidade do Acesso aos serviços de saúde como um dos princípios doutrinários do Sistema Único de Saúde com forte ancoragem ética pode ser analisada a partir de quatro diferentes dimensões: técnica, econômica, política e simbólica. A ampliação da cobertura da Atenção Básica à Saúde por meio da Estratégia de Saúde da Família, na década de 90 do século passado, bem como um conjunto de políticas implantadas nacionalmente contribuíram para um maior acesso aos serviços de saúde no Brasil. O País possui hoje mais de 39 mil equipes de saúde da família implantadas em 5463 municípios, com cobertura de 63,12% da população, compostas por diferentes profissionais, responsáveis, no âmbito da sua atuação, pela consolidação e efetivação da universalidade, em seu componente final que é o acesso às ações de saúde. O modo como o trabalho dos profissionais é realizado, e em quais condições, bem como os valores que o norteia, influenciam na efetividade do acesso universal. Isto nos coloca uma quinta dimensão de análise relacionada à como os trabalhadores fazem a gestão do que está prescrito pelas normas, numa relação dialética com o contexto, para ter eficácia no trabalho. É essa dimensão de análise da universalidade do acesso o foco de uma pesquisa desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa em Bioética e Saúde Coletiva da UFSC e o Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho em Saúde da UnB, constituindo uma interlocução entre os referenciais teóricos da ergologia e da bioética cotidiana. O presente trabalho tem como objetivo apresentar as contribuições da ergologia para reflexão sobre o tema. A Ergologia mostra que o trabalho efetuado jamais corresponde ao trabalho esperado, determinado pelas regras e pelos objetivos pré-determinados. Assim, ao deparar-se com a tarefa, o trabalhador se vê diante de imprevistos, muitas vezes impossíveis de se determinar e equacionar com precisão previamente e as renormalizações acontecem permanentemente na atividade em função da insuficiência do prescrito para orientar o agir (BERTONCINI; PIRES; SCHERER, 2011). Agir orientado não só pelas normas, mas por valores, experiências, solicitações do meio, recursos capazes de influenciar o acesso universal. 

Acesso aos serviços de saúde; Atenção Primária à Saúde; Trabalho; Bioética; Ergologia