Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Os desafios e possibilidades da arquitetura hospitalar na construção da Humanização
Jaqueline Marques Lara Barata, Rosana Costa Amaral, André Lara Barata

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Apresentação: A humanização é uma terminologia que comporta diferentes nuances, no entanto, a maior parte dos profissionais em saúde costuma ainda relacionar a expressão apenas a aspectos voltados às relações interpessoais dos diferentes sujeitos envolvidos no processo de produção de atos e serviços em saúde. A Política Nacional de Humanização - PNH (BRASIL, 2001), introduziu o conceito de ambiência, ao referir-se ao tratamento dado ao espaço físico entendido como espaço social, profissional e de relações interpessoais que deve proporcionar atenção acolhedora, resolutiva e humana. Neste sentido, a arquitetura hospitalar ganha relevância, uma vez que pode tornar esses espaços humanizados pelo fato de possibilitarem o estabelecimento de uma forte e significativa ligação com o seu usuário, atuando como modificadores e qualificadores do espaço (CIACO, 2010). Assim, o objetivo deste trabalho é analisar como a arquitetura hospitalar pode contribuir para a construção da humanização. Desenvolvimento: A arquitetura hospitalar, segundo Karman e Fiorentini (2006), apresenta particularidades que a diferem das demais. Ao longo da história, os hospitais deixaram de ser depósitos de doentes e passaram a ter caráter terapêutico, inclusive sobre a qualidade de vida dos pacientes, acompanhantes e equipes, quando pensada e feita para o ser humano, talvez em sua condição de maior sensibilidade. Para a PNH, a ambiência deve ser pensada em três dimensões: o espaço que visa à confortabilidade; o espaço que possibilita a produção de subjetividades; e o espaço usado como ferramenta facilitadora do processo de trabalho. Este estudo resulta de uma visita técnica de um estudante de engenharia civil ao setor de Humanização, realizada em um hospital público de grande porte, quando os dados coletados durante essa visita, confrontados com o referencial teórico definido, permitiram constatar como a ambiência pode ser uma importante ferramenta, desde que vinculada com a postura e o entendimento de processos e práticas adotados na rotina pelos trabalhadores e gestores. Resultados: Constatou-se que o maior referencial para o planejamento da arquitetura hospitalar ainda são as legislações, que não acompanham a velocidade das transformações tecnológicas e de processos da saúde. O planejamento dos espaços físicos pode favorecer o acolhimento, integração das equipes, conforto aos visitantes e acompanhantes, maior resolutividade do atendimento, socialização, melhora do acesso e trânsito interno, espaços de trabalho mais prazerosos, entre outros aspectos da construção da Humanização. Nesse sentido, é importante que, ao criar essas ambiências, as mesmas contribuam efetivamente para a promoção do bem-estar, desconstruindo o senso comum de que os hospitais são ambientes frios e hostis. Considerações finais: Considerando o trabalho em saúde vivo em ato e a dinamicidade dos serviços e processos hospitalares, o planejamento do ambiente deve partir da convergência entre os saberes disciplinares de várias categorias profissionais, colocando-se ao mesmo tempo como um desafio e como possibilidade na construção da humanização. Formas, iluminação, cheiros, sons, sinestesia, arte, cor, privacidade são alguns dos fatores que devem ser pensados não em uma perspectiva isolada, mas intimamente relacionados à produção dos serviços.

Palavras-chave


humanização; ambiência; PNH

Referências


Brasil, Política Nacional de Humanização, MS, 2001

Ciaco, R. J. A.S., A arquitetura no processo de humanização dos ambientes hospitalares.USP, SP, 2010

Karman, J. e  Fiorentini, D.,  Conceitos de arquitetura manutente e de arquitetura voltária,Exacta, 2006. SP.v.4, nº1