Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A articulação da Assistência e Vigilância no controle da esporotricose – uma experiência prática em busca da integralidade
Pablo Waldeck Gonçalves de Souza, Beti Brisse, Aline Almeida, Claudia Velasco, Victor Schneider

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A esporotricose é uma micose causada pelo Sporothrix schenkii, que ocorre tanto no homem quanto nos animais, transmitida através da inoculação do fungo na pele. Nas últimas décadas, a transmissão por arranhadura de gatos tem ganhado importância epidemiológica. No estado do Rio de Janeiro tornou-se um problema de saúde pública, pois sua incidência vem aumentando, tanto em animais quanto em humanos, tendo sido colocada como uma doença de notificação compulsória estadual. O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma experiência exitosa da Coordenadoria de Área Programática 5.2, do município do Rio de Janeiro na organização da forma de se trabalhar com tal agravo. Inicialmente, destacamos que o referido agravo foi adotado como prioridade, para ser trabalhado em todas as unidades primárias de saúde (UPS). Trazendo em tela a temática e o problema até então pouco conhecido pelas mesmas. Em seguida foram realizados treinamentos e sensibilizações dos profissionais de saúde para identificação e tratamento da doença. A partir de então todo paciente que acessasse a UPS, mais próxima a sua residência, com lesões cutâneas sugestivas da doença, era encaminhado ao médico para diagnóstico, feita a notificação do caso, prescrito o tratamento segundo protocolo municipal, e acompanhado. No momento da anamnese é levantada a provável fonte de infecção, e quando identificado vinculo epidemiológico com animais o usuário é orientado a levar o gato para atendimento veterinário. A UPS, através do canal de atendimento ao cidadão, da prefeitura do município do Rio de Janeiro, o 1746, faz a comunicação do caso humano para que o setor responsável faça a busca ativa do animal. Concomitantemente a temática foi trabalhada pela equipe que realiza promoção da saúde na área, agregando parceiros locais, potencializando ações de sensibilização nas escolas e comunidades da localidade. Na prática, o foco dado a esse agravo e a reorganização dos fluxos de trabalho nas UPS geraram um aumento do número de notificações, demonstrando-nos que o problema estava subestimado na referida Área Programática, o que nos faz conjecturar se o mesmo não está ocorrendo em todo o município, e quiçá no estado do Rio de Janeiro. É importante ressaltar a necessidade do tratamento dos animais envolvidos nos casos. Pois para um atendimento integral do paciente, devemos obrigatoriamente olhar com cuidado para o gato, uma vez que o mesmo pode ser fonte constante de reinfecção para a pessoa e outros animais. Não se interrompendo o ciclo de transmissão da doença. Nesse cenário devemos discutir que ainda existe a dificuldade no atendimento dos animais envolvidos, pois a população nem sempre consegue atendimento por parte do Médico Veterinário, uma vez que há apenas dois polos municipais para tal atendimento, assim como a medicação é fornecida apenas em outro, distante, ponto da cidade. Face ao apresentado, faz-se necessário melhorar a articulação do atendimento dos casos humanos e em animais, otimizando o controle da doença. Contudo, os avanços na área são significativos balizando-se na diretriz do atendimento integral e territorializado do usuário.

Palavras-chave


Esporotricose; Integralidade;