Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Práticas Educativas em Saúde do Adolescente
Inez Silva de Almeida, Maria Teresa Colão Gonçalves, Thais Priscila Machado Baptista de Souza, Tamara Paiva

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


Este estudo trata das práticas educativas em saúde do adolescente. As atividades de educação em saúde requerem conhecimentos e habilidades para lidar com os grupos humanos, como no caso dos adolescentes (Almeida, Amaral, Gomes, Dias, Silva, 2014). A adolescência é uma fase do desenvolvimento que compreende as mudanças biopsico e socioculturais do ser humano. Esse período entre a infância e a vida adulta é caracterizado pelas mudanças físicas, mentais, emocionais, sexuais e sociais, além dos esforços do adolescente para alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade. É importante ressaltar que ocorre uma enorme variabilidade no tempo de início, duração e progressão do desenvolvimento de cada indivíduo, com marcantes diferenças entre os sexos, grupos étnicos e sociais, estado nutricional, fatores familiares, ambientais e contextual (Oliveira, Ressel, 2010). A educação em saúde, neste momento da vida, é uma ação primordial, e tem por objetivo compartilhar com os adolescentes saberes em saúde, promovendo, prevenindo e diminuindo os danos à saúde. Por definição, as atividades educativas significam uma unidade de pessoas empenhadas em recíproca interação psicológica, onde os membros podem estar no mesmo ambiente ou distantes fisicamente, mas interagindo através de algum meio de comunicação (Souza, Brunini, Almeida, Munari, 2007). Objetivo: descrever as práticas de saúde com adolescentes, sustentada na problematização proposta Paulo Freire. Metodologia: A metodologia empregada foi quantitativa e observacional. As dinâmicas favorecem o entendimento das representações dos clientes, possibilitando a interação e o exercício de educação em saúde, bem como fortalecem o vínculo entre a clientela e o serviço. Além disso, a atividade possibilita conhecer as representações que os adolescentes fazem do meio social e coletivo em que estão inseridos. Ocorre inicialmente a preparação do ambiente e dos materiais utilizados, antes da chegada dos clientes. Esses vêm para consulta médica no ambulatório e chegam com antecedência, momento que é aproveitado para a realização das práticas educativas. Os adolescentes são separados dos pais nos grupos de adolescentes e levados ao espaço preparado, e ali são incentivados a interagir uns com os outros, criam vínculos com a equipe de enfermagem e as acadêmicas. Essa atividade inicia-se com a apresentação das acadêmicas de enfermagem e da enfermeira responsável; logo após é solicitado um tema escolhido e todos os presentes são convidados a participar. Sempre é feita uma primeira dinâmica para descontração e apresentação, que serve para diminuir a timidez e conhecer um pouco os participantes. Tanto nas dinâmicas  em grupo como na sala de espera são aproveitados os ambientes dinâmicos de pessoas que aguardam atendimento em saúde. São recursos para promover o cuidado através do processo educativo. O processo educativo que mistura saberes científicos e populares, articulando ensino e pesquisa possibilita novos conhecimentos de caráter emancipatório constituídos a partir do movimento de troca e construção entre os saberes. Os cenários da sala de espera e dinâmicas de grupo devem considerar a realidade das pessoas, compreendendo sua inserção sociopolítica e humanitária, constituindo-se um desafio na prática de promoção à saúde (Acioli, 2008). As práticas educativas realizadas têm um objetivo também voltado para o cuidado, pois é nesse espaço que o saber é construído e onde os vínculos entre usuários do serviço e profissionais de saúde são firmados (Rodrigues et al., 2009). Assim, espaços de diálogo e debates contribuem para o estreitamento das relações entre clientela e serviço. São utilizadas dinâmicas lúdico-pedagógicas que proporcionam aos participantes desse processo educativo a construção do conhecimento, e os adolescentes assumem seus papéis como protagonistas deste processo de organização do saber. Entende-se como atividades lúdico-pedagógicas uma possibilidade de conduzir as práticas educativas de maneira que o ensinar e o aprender se tornem ações interligadas, aspecto fundamental ao desenvolvimento do ser humano. São jogos ou atividades que estimulam a criatividade e reflexão, que não valorizam a competição, e sim a participação. Isso permite um maior acesso ao campo de possibilidades para a imaginação, a criatividade, o desenvolvimento cognitivo e corporal, o reconhecimento da identidade do adolescente e a interação social. Resultados: São realizadas atividades grupais uma vez por semana, com duração de aproximadamente 40 minutos. Desde o início de atuação do projeto, em março de 2013 até agosto de 2015, foram atendidos cerca de 624 adolescentes com média de seis por semana. Os adolescentes se colocam de forma participativa, por meio das dinâmicas e atividades propostas, e percebe-se claramente sua necessidade de verbalizar seus conflitos e demandas. Observa-se a importância das atividades de promoção, educação em saúde e prevenção de doenças e agravos neste público. É característica normal dos adolescentes buscar grupos de pares, assim, o atendimento grupal em saúde, para eles, torna-se facilitador da expressão dos seus sentimentos e um local para troca de informações e experiências. O grupo possibilita o diálogo, a reflexão, a conscientização e oportuniza trocas de conhecimentos e formação de vínculo. À medida que as ações são realizadas, os adolescentes percebem a importância da transformação da sua realidade, bem como da mudança de postura para o fortalecimento de sua saúde. Após o grupo, os adolescentes registram seus nomes e suas idades em uma folha de atividades de produção do serviço, e são questionados sobre sugestões de temas para serem abordados nos próximos encontros. São avaliadas as sugestões para escolha do tema, planejamento das dinâmicas utilizadas, preparação do material necessário, além da confecção dos folders para cada tema. Imediatamente após o grupo, faz-se uma reunião com a enfermeira responsável para discussão e avaliação da atividade desenvolvida, e são feitos registros, em ata, do quantitativo de participantes e da temática desenvolvida. A partir das respostas aos questionamentos ao final das atividades, foi observado que os adolescentes têm demandas de educação em saúde sobre o que gostariam de dialogar. Assuntos como Doenças Sexualmente Transmissíveis, Drogas, Gravidez na adolescência, Violência, Depressão, sobre orientação sexual e transexualidade têm sido solicitados como temas a serem desenvolvidos. Impactos na saúde: As atividades de educação em saúde têm sido uma prática intensamente profícua, pois permitem a interação da equipe de enfermagem com a clientela, proporcionam um trabalho educativo, favorecem a divulgação de informações envolvendo a desconstrução de tabus e mitos da população, e possibilita a troca de diálogo e formação de vínculos. Nesse sentido permite ao adolescente uma maior autocompreensão e incentiva que o mesmo seja o protagonista de sua saúde. Considerações Finais: Este trabalho é uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional também para o enfermeiro que, com seu conhecimento técnico-científico e sua aproximação com a comunidade, divide os saberes, experiências e vivências e pode correlacionar a teoria aprendida na graduação com a realidade, além de desenvolver a criatividade, sensibilidade, empatia e comunicação com públicos diversos.

Palavras-chave


Adolescente; Educação em Saúde; Enfermagem.

Referências


Almeida IS, Amaral JS, Gomes CS, Dias MO, Silva PFC. Grupo de adolescentes como estratégia de promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos. Adolesc Saude. 2014;11(2):87-91

Oliveira SG, Ressel LB. Grupos de adolescentes na prática de enfermagem: um relato de experiência. Cienc Cuid Saude. 2010;9(1):144-8.

Souza MM, Brunini S, Almeida NAM, Munari DB. Programa educativo sobre sexualidade e DST: relato de experiência com grupo de adolescentes. Rev Bras Enferm. 2007;60(16):102-5.

Acioli, S. A prática educativa como expressão do cuidado em saúde pública. Rev. bras. enferm.Rio de Janeiro – RJ, 61 (1), 2008: 11721.

Rodrigues AD, Dalanora CR, Rosa J, Germani ARM. Sala de espera: um ambiente para efetivar a educação em saúde.Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI, Maio.5 (7), 2009: 101106.