Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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OS CENÁRIOS DE PRÁTICA NO CONTEXTO DAS MUDANÇAS NA GRADUAÇÃO EM MEDICINA: PERCEPÇÕES DOS ATORES INSTITUCIONAIS DE ESCOLAS MÉDICAS BRASILEIRAS
Fabiana Aparecida Silva, Larissa Arbues Carneiro, Nilce Maria da Silva Campos Costa, Jadete Barbosa Lampert

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


Em busca de profissionais que atendam as necessidades dos serviços de saúde, diversas mudanças durante a formação médica vêm acontecendo, dentre elas a inserção do aluno nos cenários de prática desde o ingresso nas escolas médicas, na tentativa de integrar o ensino-serviço e concomitantemente vivenciar diversos contextos de aprendizagem. O objetivo do presente estudo é apresentar as percepções dos atores institucionais das escolas médicas brasileiras acerca do cenário de prática. Para coleta de dados foi utilizado o Método da Roda de Lampert (2009), sendo aqui apresentados resultados relativos ao Eixo “Cenário de Prática” de 41 escolas médicas que aderiram ao projeto “Avaliação e acompanhamento das mudanças nos cursos de graduação da área da saúde” da Comissão de Avaliação das Escolas da Área da Saúde/ABEM (CEP/UFSM/CONEP/MS nº 0150.0.243.000-07). Foi realizada a análise qualitativa identificando os núcleos de sentido presentes nas justificativas e evidências apresentadas em consenso pelos seguintes atores institucionais: docentes, técnicos administrativos e alunos. Emergiram cinco categorias (C) relacionadas ao cenário de prática: C1: “Cenários de prática nos documentos Oficiais”; C2: “Relação ensino-serviço”; C3: “Integração de conteúdos e disciplinas”; C4: “O papel do docente e do preceptor”; C5: “Limitações no cenário de prática”. Na C1 os atores assumem o discurso das escolas médicas contidos em seus Projetos Pedagógicos do curso (PPC) e em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Afirmam que no curso há prioridade em atividades práticas e integração com a teoria, com uso de metodologias mais ativas e abordagem em diferentes níveis de atenção em saúde. Os participantes relatam na C2 que há a parceria entre ensino-serviço em diferentes níveis de complexidade da rede. Contudo, evidenciaram-se nesse cenário algumas fragilidades na integração dentro da própria rede de saúde, na relação com o gestor local e no reconhecimento dos papéis do preceptor e do docente no contexto da integração ensino-serviço. Em C3 há um discurso que direciona para as mudanças no processo de integração entre conteúdos e disciplinas, embora ainda seja um processo que encontra limitações, mesmo em instituições em que houve reformulação do PPC. Já na C4 observou-se que na maioria das escolas estudadas os docentes fazem supervisão exclusiva dos alunos nos cenários de prática, em alguns casos há colaboração do preceptor nesse papel de supervisão. Destaca-se que há uma tendência de mudanças nos cenários de prática das escolas médicas estudadas, uma vez que as mesmas utilizam diferentes espaços da rede de saúde. Embora haja mecanismos de regulação e estímulo à articulação do ensino-serviço para diversificação dos cenários de prática, tais como convênios e programas de incentivo, as escolas médicas ainda deparam-se com entraves relacionados à organização da própria rede de saúde e nas relações entre academia e serviços, principalmente em virtude dos papeis exercidos pelos docentes supervisores e os preceptores.

Palavras-chave


Educação Médica. Integração ensino serviço. Currículo.

Referências


LAMPERT, J.B. Tendencias de mudancas na formacao medica no Brasil. 2a ed. Sao Paulo: Hucitec, 2009.