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O governo brasileiro tem investido em ações para a reorientação da formação dos profissionais de saúde conforme as necessidades da população e do Sistema Único de Saúde, entre elas, encontra-se a de formação de pessoal com perfil adequado para o cuidado em álcool e outras drogas. O Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde/Saúde Mental (PET-Saúde Mental) foi instituído nesse contexto. O objetivo deste estudo foi analisar o desenvolvimento do PET-Saúde Mental da parceria Universidade Federal de Goiás e Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, ocorrido entre 2011 e 2012. Participaram do programa professores e estudantes de oito cursos de graduação da UFG e servidores de quatro serviços da rede de atenção psicossocial da SMS. Os dados foram coletados por três fontes: documental, questionários e entrevistas semiestruturadas. Os documentos subsidiaram a caracterização do PET-Saúde Mental, os questionários levantaram o perfil do grupo, sendo respondido por 33 participantes do programa e foram realizadas 21 entrevistas individuais. A análise dos dados se deu pelo Método de Interpretação de Sentidos, tendo como substrato de leitura dos resultados o modelo de Matriz Analítica que delimita três dimensões nucleadoras de categorias: macro, micro e molecular. Emergiram oito categorias: orientação político-pedagógica, processos de trabalho, gestão, redes, mobilização/visibilidade, cuidado, crenças/preconceitos/estigmas e produção de afetos. As fragilidades do processo relacionaram-se aos modos de organização institucional. O programa foi uma experiência mediada pelo cuidado, produção de afetos positivos e resignificação do imaginário negativo sobre as drogas pelos estudantes e docentes, principalmente. Provocou, ainda, mudanças no cotidiano do ensino e dos serviços, fortaleceu a pauta da atenção psicossocial na universidade e a da educação nos serviços, articulou a interprofissionalidade com a formação ético-política-afetiva e contribuiu para a rede de saúde mental local. Considera-se que a sustentabilidade das ações de reorientação do modelo de atenção e de formação está vinculada aos movimentos que se dão macro e micropoliticamente. Levanta-se a necessidade de estratégias de apoio e análise institucional e a ampliação das formas de participação na articulação ensino-serviço, de modo a estimular o protagonismo dos atores locais e o retorno do cuidado como categoria constitutiva do setor saúde.

Educacao Superior, Desenvolvimento de Pessoal, Saude Mental, Cuidado, Transtornos relacionados ao uso de substancias