Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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TRABALHO INTERDISCIPLINAR DE EDUCAÇÃO E SAÚDE NA PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DA SAÚDE DO ESCOLAR
Elisete Cristina Krabbe, Graziela Alebrant Mendes, Tatiana Medina Sturzenegger, Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho

Última alteração: 2015-10-22

Resumo


Introdução: O projeto tem como eixo norteador a educação entre pares, contribuindo para a construção de uma política de educação e saúde, com ações inovadoras e temas que permeiam o cotidiano e o ambiente em que vivem e convivem jovens e adultos jovens com DSTs e Aids. Busca a redução, minimização e/ou prevenção de fatores que agravem a infecção da Aids e outras DSTs, buscando a ampliação e construção de ações interdisciplinares contínuas, envolvendo a comunidade escolar, promovendo a educação preventiva cotidiana e sua incorporação tanto nas políticas e programas educacionais implementados pelos sistemas de ensino inseridos no projeto, quanto no projeto político-pedagógico definido na escola. Para prevenir agravos a saúde, que podem levar à complicações, que podem afetar de forma grave a qualidade de vida de quem é portador do HIV/Aids e/ou outras DSTs, o projeto verificou a segurança alimentar na escola. Buscou informações sobre o armazenamento de alimentos, pois se não armazenados de forma adequada também podem ser fonte de transmissão de doenças, como as zoonoses. O ambiente de produção dos alimentos e do consumo dos mesmos deve ser limpo para que não se propaguem microrganismos causadores de doenças (ALMEIDA, 2009). A análise microbiológica da água também foi outro assunto pesquisado, pois a ingestão de água de má qualidade acarreta danos gravíssimos a quem faz o consumo e, consequentemente a órgãos de saúde pública, pois é o principal veículo na transmissão de coliformes causadores de doenças gastrointestinais, nos quais o tratamento é de custo altíssimo e, para quem tem HIV/Aids, é um agravante que precisa ser evitado (SOUSA, 2006). A mudança de atitude sobre esses temas deve ser estimulada desde os alunos do ensino fundamental até ensino médio e profissionalizante (SOTO et al., 2006).   Metodologia: As ações desenvolvidas seguiram as diretrizes metodológicas do Programa Saúde e Prevenção nas Escolas - Guia para Formação de Profissionais de Saúde e de Educação e também o preconizado nas "Orientações Básicas de Atenção Integral à Saúde de Adolescentes nas Escolas e Unidades Básicas de Saúde" (Brasil, 2013), numa trajetória metodológica alicerçada no modelo de concepção de práticas educativas orientado pelo referencial teórico de Paulo Freire. Metodologias Ativas de Aprendizagem foram o viés condutor de todas as ações educativas relacionadas à saúde sexual e saúde reprodutiva, relacionadas à vigilância sanitária e prevenção de doenças que podem agravar o quadro de quem vive e convive com DSTs e com a Aids, favorecendo para a tomada de decisões esclarecidas e responsáveis. Nossas atividades aconteceram nas dependências da escola, nos mais variados contextos: sala de aula, auditório, pátio, com trabalhos realizados em cada série individualmente e também com a aglutinação de mais de uma turma. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da UNICRUZ - CAAE 0014.0.417.000-10. Resultados e discussões: Neste projeto, participaram alunos do 1º ao 3º ano do ensino médio e técnico profissionalizante do I.E.E.Professor Annes Dias, do município de Cruz Alta/RS, além da equipe diretiva da escola e professores. Os envolvidos totalizaram uma população em torno de 900 alunos, que vivenciaram a educação preventiva com uma abordagem pedagógica que incluiu informação, reflexão, emoção, sentimento e afetividade, criando meios de aprendizagem através da arte (vídeos educativos, oficinas pedagógicas e concurso de paródias), propiciando orientações individuais e em grupos e buscando a redução da infecção de doenças. Foram trabalhos de educação entre pares, num processo de ensino e aprendizagem com os acadêmicos do Curso de Fisioterapia, Biomedicina e Medicina Veterinária da UNICRUZ e alunos do IEE Professor Annes Dias. Foi verificada a porcentagem de estudantes do gênero feminino que foram vacinadas contra o vírus do papiloma humano (HPV). A campanha que iniciou no decorrer do ano passado trouxe a tona novamente o assunto HPV. No entanto, percebe-se que muitos adolescentes já ouviram falar sobre o vírus, porém desconhecem as formas de contágio, modos de prevenção e a eficácia e importância da vacina que está sendo aplicada na rede pública para meninas de 9 a 11 anos de idade. Eles desconhecem também que meninas e meninos, que não tiveram contato com o vírus, podem receber a vacina para prevenção do HPV em rede privada mesmo que não estejam na faixa etária da campanha de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). Durante as atividades desenvolvidas na escola, dispomos de um dispenser de camisinhas na escola, tendo como objetivo o estímulo do uso do preservativo em todas as relações sexuais, tornando os jovens menos vulneráveis às DST’s e Aids, bem como da gravidez precoce que ocasiona a evasão escolar. Preocupados também com as condições sanitárias dos alimentos consumidos pelos discentes e docentes da escola, foi realizada uma vistoria nos locais aonde os alunos consomem os alimentos na escola, realizando uma entrevista semiestruturada com os responsáveis, que verificou a procedência do alimento, o prazo de validade, os tipos de alimentos consumidos e as formas de estoque, encontrando tudo dentro do que determina a vigilância sanitária. Além disso, foi verificado o sistema de abastecimento de água potável da instituição e foi coletada água do bebedouro de maior acesso dos alunos, da torneira principal da cozinha e de uma torneira externa do pátio da escola para análise microbiológica da água. A mesma foi realizada no laboratório da Universidade de Cruz Alta/UNICRUZ e os resultados apresentados foram satisfatórios, não contendo nenhum coliforme total e termotolerante e nem mesófilos heterotróficos. Oficinas pedagógicas com todos os autores envolvidos, com apresentação dos resultados, entrega de folder educativo aconteceram na escola.  Considerações finais ou conclusão: Ao construir espaços para troca de experiências, atualizações e estudos entre os acadêmicos dos Cursos de Fisioterapia, Biomedicina e Medicina Veterinária da UNICRUZ e alunos da escola Annes Dias, acreditamos ter criado ambientes participativos de discussões em grupo que favoreceram o exercício das relações afetivas e fortaleceram o autoconhecimento, o autocuidado e o cuidado com o outro para tomada de decisões mais esclarecidas e mais responsáveis.

Palavras-chave


Promoção. Prevenção. Saúde do Escolar.

Referências


ALMEIDA, Maria Angelica de Zolin. Programa de zoonoses região sul: manual de zoonoses. Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para a Atenção Integral a Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013.

SOTO, F. R. M. et al. Avaliação de experiência com programa educativo de posse responsável em cães e gatos em escolas públicas do ensino fundamental da zona rural do Município de Ibiúnam, Rev. Ciência em Extensão, v. 2, n. 2, p. 10-20, jun./dez. 2006. SP, Brasil.

SOUSA, C.P. Segurança alimentar e doenças veiculadas por alimentos: utilização do grupo coliforme como um dos indicadores de qualidade de alimento. Rev. Atenção Primária à Saúde 2006.