Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO À FAMÍLIA NO PROCESSO DE TERMINALIDADE NO DOMICÍLIO: um relato de experiência
MARA JULYETE ARRAES JARDIM, JÉSSICA SÂMIA SILVA TORRES, LENA MARIA BARROS FONSECA, ANA CAROLINE SILVA CALDAS, Yara Naya Lopes de Andrade, Denise do Nascimento Pedrosa, Andressa Arraes da Silva

Última alteração: 2016-03-21

Resumo


Apresentação: A terminalidade da vida é um processo que envolve indivíduos com doenças irreversíveis e que não possuem probabilidades de cura mesmo estando em processo terapêutico. Quando a internação de um paciente terminal ocorre no âmbito domiciliar, a dinâmica da família é alterada mais bruscamente, tornando-se necessário que a intervenção realizada, nesse caso pelo enfermeiro, seja centrada nas necessidades familiares e vise todos como integrantes ativos do processo adoecer-morrer. Baseado nesse contexto, os autores elaboraram uma revisão integrativa da literatura com o objetivo de identificar as práticas do enfermeiro junto à família no processo de terminalidade vivenciado no domicílio, a qual tornou possível a elaboração desse relato de experiência. Descrição da experiência: A pesquisa deu-se na própria instituição de ensino, através da análise de estudos publicados, da discussão sobre os resultados encontrados e da reflexão sobre produções futuras. A primeira etapa da abordagem metodológica consistiu na elaboração da questão norteadora: Quais as práticas do enfermeiro junto à família no processo de terminalidade no domicílio? A segunda etapa foi a busca nas bases de dados, entre os dias 15 e 17 de maio de 2015, utilizando os descritores em saúde e respeitando critérios de inclusão. Foram encontrados 326 artigos dos quais 11 foram recuperados na íntegra. Logo após, fizemos a categorização dos estudos, a análise e a discussão dos resultados através de um modelo de coleta de dados, contemplando informações sobre identificação dos artigos. Da investigação dos dados emergiram duas categorias: intervenções de enfermagem na família e resposta da família às intervenções. Resultados: Notou-se que as intervenções de enfermagem realizadas estavam relacionadas à escuta das necessidades do paciente-família e à comunicação efetiva para orientações e decisões terapêuticas, cabendo ao enfermeiro avaliar a dor e implementar o tratamento considerando a família neste contexto. Abordou-se também a necessidade de criar condições para amparar as intensas demandas dos familiares, sobrecarregados e desgastados, inclusive com significativas perdas materiais e financeiras, propondo a realização de cuidados continuados, evitando-se rupturas no atendimento. A falta de profissionais preparados para dar suporte nessa conjuntura, revela, nos artigos, a ausência de uma abordagem centrada na família e nas suas necessidades e o despreparo das famílias para o enfrentamento da terminalidade no domicílio, levando-as a optar pela hospitalização no final da vida, além das evidências de estresse prolongado e morbidade psicológica nos seus membros. Considerações finais: A realização desse estudo permitiu-nos inferir que a assistência de enfermagem no processo de terminalidade no domicílio objetiva proporcionar segurança, confiança e abertura entre família, paciente e profissional. No entanto, podemos notar que o enfermeiro realiza de forma tímida o cuidado domiciliar ao paciente terminal, o que impossibilita o estabelecimento de um vínculo forte entre o enfermeiro e a família. O planejamento da assistência de enfermagem no fim da vida deve considerar as demandas da família sob sua responsabilidade, encarando-a como unidade indissociável e respeitando suas peculiaridades, a fim de proporcionar segurança e confiança entre família, paciente e profissional.

Palavras-chave


enfermagem domiciliar; enfermagem de família; enfermagem de cuidados paliativos

Referências


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