Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Inserção precoce de acadêmicos de medicina da UFG no cuidado a adolescentes grávidas
Beatriz Aquino Silva, Bárbara Oliveira Silva, Maria do Rosário Ferraz Roberti

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


Apresentação: Muitas escolas médicas ainda permanecem sob influência do modelo flexneriano, para o qual a comunidade não conta para o ensino e não está implicada no processo saúde-doença, visto que, historicamente, a formação voltou-se ao atendimento individual e curativo.  Contudo, a necessidade de prevenir doenças e promover saúde exige mudanças curriculares baseadas no emprego de metodologias ativas, apoiadas nas necessidades da população. Busca-se formar profissionais melhor capacitados para atuar em consonância com os princípios do SUS. Este trabalho tem por objetivo relatar vivências da inserção de estudantes do primeiro ano de Medicina da UFG nos serviços do SUS, visando avaliar as consequências de mudanças no novo projeto pedagógico adotado pela UFG desde 2014. Desenvolvimento do trabalho: O trabalho voltou-se para o acompanhamento da atuação da rede pública de saúde quanto à gravidez na adolescência, abordando a prevenção da gravidez, pré-natal, parto e puerpério. Os acadêmicos acompanharam médicos ginecologistas obstetras, psicólogos, terapeutas sexuais e agentes sociais na Maternidade Nascer Cidadão, em Goiânia-GO, e no Hospital das Clínicas da UFG. Os estudantes ministraram palestra sobre sexualidade e planejamento familiar no Colégio Estadual Waldemar Mundim, como iniciativa de prevenção da gravidez indesejada e promoção de saúde. Resultados e/ou impactos: As contribuições ao estudante e à comunidade, advindas da integração serviço-aprendizagem na rede de atenção à gravidez na adolescência, foram: capacitação para trabalhar em equipe; refinamento comunicativo e relacional do acadêmico; reconhecimento do perfil epidemiológico local; possibilidade de intervenções feitas pelos estudantes, desenvolvendo ações com outros setores da sociedade. Alguns problemas encontrados, na visão dos profissionais, foram: o constrangimento de adolescentes gestantes ao falar sobre problemas íntimos a jovens de mesma faixa etária e condições sociais distintas; e a diminuição da produtividade do preceptor no atendimento às pacientes, uma vez que a supervisão de estudantes demanda atenção. A partir de um olhar externo, não habituado a alguns problemas de saúde pública, os estudantes pressionam por mudança no serviço, ainda na transição de paradigmas.   Considerações finais: A necessidade de reversão do modelo de atenção à saúde depende de uma nova formação médica. Busca-se modificar o modelo centrado no médico, em que os procedimentos são fragmentados, baseados fundamentalmente na cura, e os atos em saúde são mecanizados com a tecnificação da assistência. Ensino, serviço e comunidade devem visar à melhora da situação de saúde da população local, contribuindo tanto para as práticas de saúde da equipe quanto para a formação de profissionais com conhecimentos gerais, alicerçada no compromisso social e na mudança do atual modelo de saúde.

Palavras-chave


Metodologias ativas na formação de trabalhadores de saúde; Interação ensino/serviço/comunidade sob a ótica da educação; Educação em Saúde

Referências


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