Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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“CAFÉ NA VIZINHA”
Beth de Oliveira Fonseca

Última alteração: 2015-10-20

Resumo


A Visita Domiciliar é um dos meios disponíveis às Estratégias de Saúde da Família que facilita o atendimento adequado à comunidade a partir de um diagnóstico situacional. Sua aplicabilidade favorece o momento oportuno para que a Estratégia de Saúde da Família desenvolva ações de promoção da Saúde e de reconhecimento precoce das possíveis alterações que necessitem de intervenção. Após reorganização da Atenção Básica, na zona rural de Corumbá, Estado de Mato Grosso do Sul, posterior à adesão ao Programa Mais Médico para o Brasil, o Distrito de Albuquerque recebeu uma nova equipe de Estratégia de Saúde da Família para garantir atendimento diário, que anteriormente era semanal. Esse projeto proporcionou vínculo entre a equipe recém-chegada e comunidade local. A metodologia aplicada é a realização de visitas domiciliares nas quais a equipe oferece e compartilha com os membros da família o momento do “Café na vizinha”, oportunidade em que se ampliam os conhecimentos das especificidades locais, e se confirma a validade do fortalecimento da cultura de realização sistemática no atendimento preventivo à saúde. Durante o “Café”, oferta-se todos os serviços disponíveis na rede de saúde, em especial, ações de promoção e prevenção de saúde. O Projeto utiliza as rodas de conversas temáticas, com os adolescentes da residência, avaliação médica para todos os componentes da família, bem como monitoramento do crescimento e desenvolvimento infantil, classificação de risco em saúde bucal, cadastro e acompanhamento do sistema de vigilância alimentar e nutricional, solicitação de mamografia de rastreamento, exames preventivos, entre outros serviços da Atenção Básica. Nesse processo, novos problemas/dificuldades das famílias que aparecem, são analisados e enfrentados de forma conjunta, a fim de construir a prática da corresponsabilização do cuidado. Os resultados demonstram a geração de vínculos de confiabilidade por parte desses usuários do SUS para com a equipe de saúde, que podem ser percebidos, de forma expressiva, na liberdade com que a família compartilha questões que antes seriam resolvidas a “portas fechadas”. Outros resultados são observados, como, maior adesão terapêutica pelos portadores de doença crônica; aumento de 50% de cadastro das crianças em idade escolar atendidas durante o “Café na vizinha”, que antes não possuíam prontuário na unidade. Além disso, foi necessário providenciar cartão do SUS para 40% dos pacientes, e 19% do total dos que tiveram acesso ao “Café na vizinha” haviam tido consulta médica de rotina entre dois a seis anos atrás. Pontua-se ainda o fato, percebido pela equipe, de que no ambiente familiar o adolescente mostra-se mais acessível, o que favorece a geração de vínculos de confiança. Do total de participantes do nosso encontro familiar, 35% eram adolescentes, dentre os quais, alguns, soubemos estarem iniciando envolvimento com as drogas. Concluímos que se a ESF primar pelo vínculo com as famílias de seu território, a ponto de alterar sua rotina, no intuito e oferecer ações que correspondam às reais necessidades dessa população, poderá obter mais êxito em sua proposta de melhoria do acesso e da qualidade no cuidado.

Palavras-chave


Saúde da Família; vínculo com comunidade; Café na vizinha.