Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO EM SAÚDE: UM CAMINHO PARA MELHORA DA QUALIDADE DE VIDA DO PRODUTOR RURAL NA ATIVIDADE LEITEIRA
Elisete Cristina Krabbe, Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho, Angélica Facco, Victória Medeiros Da Rosa, Priscila Rodrigues Da Silva, Daisiane Cazarotto, Lincoln Silva, Noé Gomes Borges Júnior

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Introdução Os produtores de leite têm pouco ou nenhum tempo livre para se ocuparem com outras atividades que não as profissionais. Além disso, a atividade de ordenha é apenas uma das atividades envolvidas no trabalho agrícola, pois muitos agricultores também desenvolvem outras atividades paralelas na propriedade rural a fim de aumentar a renda e utilizar os espaços e recursos existentes. Essa alta rotatividade de atividades desenvolvidas no trabalho agrícola acaba por provocar desgaste constante no produtor, interferindo, assim, na sua qualidade de vida (SANTOS FILHO, 2009).   Metodologia e/ou Descrição da Experiência A população do estudo totaliza 23 produtores, de pequenas propriedades rurais de 07 municípios da região Noroeste do Rio Grande do Sul (Cruz Alta, Boa Vista do Incra, Fortaleza dos Valos, Pejuçara, Santa Bárbara do Sul, Boa Vista do Cadeado e Catuípe), vinculadas a EMATER, estando relacionados diretamente à produção leiteira. Metodologias ativas foram o viés condutor de todas as atividades que tiveram como objetivo desenvolver ações de proteção, promoção e reabilitação da saúde postural dos trabalhadores rurais na atividade leiteira, visando uma integralidade na atenção, com vistas à melhoria da saúde postural e consequente qualidade de vida. A primeira intervenção foi a avaliação inicial no Laboratório de Fisioterapia no Campus da Universidade de Cruz Alta, realizada pelos alunos bolsistas PIBIC, pesquisadores da UNICRUZ (Universidade de Cruz Alta - Centro de Ciências da Saúde e Agrárias - CCSA) e da UDESC (Universidade do Estado de Santa Catarina - Laboratório de Instrumentação - LABIM/CEFID). Foram detectados desvios, anormalidades e assimetrias na coluna vertebral, membros superiores e inferiores, dores e desconfortos em vários segmentos corporais, encurtamentos e diminuição da flexibilidade dos trabalhadores. Percebemos a necessidade da realização de ações com o objetivo de instalar e/ou modificar comportamentos pessoais em relação aos movimentos e posturas corporais inadequadas. Iniciamos um programa de educação em saúde, utilizando, entre outras coisas, rodas de conversa e oficinas pedagógicas. Também foi implantado, durante os meses de março a maio de 2015, com o grupo pesquisado, um Programa de Cinesioterapia Laboral planejado, orientado e supervisionado, visando buscar além dos benefícios físicos em si (respiração, alongamento muscular, melhor oxigenação e circulação sanguínea), momentos de descontração, e um desligamento momentâneo dos problemas e posturas exigidas pelo trabalho. O grupo vivenciou "uma pausa em que os seres humanos buscam bem-estar, saúde e Qualidade de Vida" (FIGUEIREDO & MONT´ALVÃO, 2005). Foram realizadas 4 Oficinas Pedagógicas de Educação e Saúde com os produtores de leite participantes do estudo e com os extensionistas da EMATAER de cada município. Os encontros aconteceram no Laboratório de Fisioterapia da Universidade de Cruz Alta/UNICRUZ, envolvendo os seguintes temas: 1º. Esclarecimentos para os trabalhadores envolvidos na atividade leiteira dos objetivos do estudo do qual está participando, ressaltando os possíveis benefícios da atividade de cinesioterapia para a saúde e qualidade de vida. Entrega de cartilha explicativa, com ilustrações das atividades e alongamentos que foram realizados no período de março a maio de 2015, no domicílio pelos participantes. 2º. Discussão sobre o tema: "Viva bem com a coluna que você tem!". De forma lúdica estudamos juntos a anatomia e fisiologia da coluna vertebral e membros (superiores e inferiores) e as consequências e riscos de se adotar uma má postura. 3º. Buscando construir um entendimento sobre a importância da participação de todo cidadão no controle social para construção da integralidade a saúde, entregamos a cartilha das diretrizes do SUS (Sistema Único de Saúde) que aborda os direitos e deveres dos cidadãos referente à sua saúde e bem-estar psíquico e físico. 4º. Desvendando e entendendo a Ergonomia no ambiente de trabalho do produtor de leite, salientando as necessidades a serem adquiridas para um maior conforto e proteção a coluna vertebral e ressaltando o que já possuem e que deve ser mantido para sua comodidade no trabalho (Figura 4). Durante os 3 meses de intervenção cinesioterapêutica e encontros pedagógicos, o grupo de pesquisadores também realizou visitações nas propriedades rurais nas diferentes cidades dos sujeitos participantes desse estudo, como forma de compreender a realidade o dia a dia de trabalho e necessidades para uma melhor saúde desses indivíduos, reforçando sempre a ideia da realização das atividades laborais propostas desde o primeiro encontro. Avaliação final foi no Laboratório de Fisioterapia no Campus da Universidade de Cruz Alta/Unicruz, realizada pelos pesquisadores da l’université d’Auvergne - IUT, Clermont Ferrand/França, da Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, Laboratório de Instrumentação – LABIN - Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - CEFID e Universidade de Cruz Alta - Centro de Ciências da saúde e Agrárias - CCSA, Curso de Fisioterapia. Considerações finais: Constatamos, ao final do estudo, a reformulação da percepção de saúde postural das famílias rurais, reforçando o papel da prevenção e promoção da saúde individual e coletiva. Sendo a qualidade de vida, definida como sensação íntima de conforto, bem-estar ou felicidade no desempenho de funções físicas, intelectuais e psíquicas dentro da realidade da sua família, do seu trabalho e dos valores da comunidade à qual pertence, foi influenciada de forma benéfica. As oficinas pedagógicas de educação em saúde foram um espaço importante de construção e veiculação de conhecimentos e práticas relacionados aos modos como cada trabalhador concebe o viver de forma saudável, quanto como uma instância de produção de sujeitos e identidades sociais (MEYER, 2006). Ficou evidente que as atividades laborais e as oficinas pedagógicas proporcionaram relevante melhora no dia a dia dos produtores leiteiros, fazendo com que os mesmos possam realizar suas AVDs com mais habilidade e disposição, possibilitando com que os agricultores tenham disposição para momentos de lazer, em uma vida com mais vitalidade.

Palavras-chave


Trabalhador rural. Atividade leiteira. Desconfortos corporais. Educação em saúde.

Referências


FIGUEIREDO, F.; MONT´ALVÃO, C. Ginástica laboral e Ergonomia. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.

MEYER, D.E. "Você aprende. A gente ensina?": interrogando relações entre educação e saúde desde a perspectiva da vulnerabilidade. Cad Saúde Pública, 2006.

SANTOS FILHO, J. C. Estratégias de organização do trabalho na atividade leiteira em propriedades de agricultura familiar. 2009. 51 f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá. Maringá, 2009.

ULBRICHT, L. Fatores de Risco Associados à Incidência dos DORT entre Ordenhadores em Santa Catarina. Florianópolis. 2003. Tese de Doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC. Florianópolis. 2003.