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O câncer de mama é o câncer que mais acomete mulheres no Brasil, sem considerarmos o câncer de pele não melanoma. Em 2014, cerca de 57.120 casos novos foram diagnosticados, com um risco estimado de 56,09 casos a cada 100 mil mulheres. (INCA, 2014) [1]. Esses dados lançam luz à necessidade de reflexão acerca do tratamento da doença no cenário da saúde pública do Brasil. Este trabalho pretende dialogar sobre o tema do câncer de mama, articulando a experiência do tratamento das mulheres no município de Betim (Minas Gerais) com a vivência dos impactos e medos que podem acompanhar um diagnóstico de câncer. A reflexão se fez possível por intermédio da experiência de extensão de alunas da psicologia no subprojeto “Cuidando das Mamas” do programa PET Redes de Atenção à Saúde da PUC Minas e Ministério da Saúde. Pretende-se descrever a experiência das alunas na extensão, norteada pelos relatos acerca da autopercepção da mulher acometida pelo câncer de mama sobre seu corpo, feminilidade, medos, anseios. A partir dos relatos das mulheres, objetiva-se fomentar a necessidade de profissionais de psicologia nas unidades de saúde pública. O direcionamento da discussão abrange todos os níveis de saúde pública, considerando-se que o cuidado com o câncer de mama tem sua gênese nos níveis de prevenção, com ações e serviços informativos e preventivos nas unidades básicas de saúde, e pode se estender até a alta complexidade do SUS, em caso de mulheres hospitalizadas em função da doença. Estando o tema alocado na conjuntura do sistema público de saúde, a função social do exercício da psicologia, a ser analisada neste trabalho, orienta-se pela perspectiva da Psicologia Social. A metodologia utilizada será a articulação de relatos de experiência das alunas vinculadas ao “Cuidando das Mamas” com revisão de literatura sobre o tema. Os relatos de experiência são resultado das atividades realizadas pelas alunas em unidades públicas de saúde de diferentes níveis de complexidade (básica, média e alta) no período de dois anos de vigência do programa de extensão universitária. Os resultados dessa reflexão, que parte da experiência prática, possibilitaram a criação de diferentes maneiras de se pensar a atuação do psicólogo e dos profissionais envolvidos no tratamento de câncer de mama, bem como a necessidade da atenção especializada e qualificada às mulheres vítimas da doença, considerando-se os impactos trazidos pelo diagnóstico e suas consequentes alterações na estruturação da vida da mulher.  Por meio da reflexão a respeito dos depoimentos das pacientes que consultavam com mastologistas nas atividades realizadas no projeto, foi possível ter uma percepção acerca dos medos, anseios, angústias e expectativas nutridas por elas, torna-se relevante a necessidade da atuação de psicólogos qualificados, em conjunto com uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, além da importância de ações preventivas e especializadas que contribuem para a promoção de saúde, para a construção e desenvolvimento de autonomia da mulher sobre o seu tratamento, estruturação emocional e enfrentamento da doença.

Câncer de mama; saúde coletiva; políticas públicas.