Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Práticas de Saúde Coletiva são permeadas pela integralidade nos serviços de saúde bucal do SUS?
Gilsimary Santana Santos, João Luiz de Miranda, Joanito Niquini Rosa Júnior, Letícia Rocha Dutra, Érica Carvalho Fúrforo

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


A odontologia de mercado sempre foi hegemônica no Brasil em um cenário em que dentistas são pouco comprometidos com o Sistema Único de Saúde (SUS) e com dificuldade para exercer a integralidade (NARVAI, 2006). Isso se deve à ênfase dos paradigmas de Flexner e Gies que embasam o currículo odontológico (MATTOS, 2008). Porém, a formação em odontologia tem mudado para o parâmetro da integralidade devido a vários fatores, e as crises econômicas do setor privado têm feito com que dentistas migrem para o setor público (MATTOS, 2008). Assim, eles precisam atuar em outras áreas diferentes da clínica tradicional sendo necessária uma atuação no campo da Saúde Coletiva (SC) (BADAN et al., 2010). A integralidade é um dos marcos conceituais fundamentais da SC (CARVALHO; CECCIM, 2006) e representa mais do que assistência, envolvendo prevenção e atendimento humanizado, representado características desejáveis do SUS (MATTOS, 2004). Um profissional em concordância com a Saúde Coletiva estaria apto a exercer práticas integrais no cotidiano dos serviços. Considerando a importância da integralidade e a SC como um espaço de discussão e reflexão para a primeira, pergunta-se: As  práticas de Saúde Coletiva são permeadas pela integralidade nos serviços de saúde bucal do SUS? Na tentativa de dar maior enfoque à integralidade, o presente trabalho objetivou analisar se as práticas de Saúde Coletiva são permeadas pela integralidade nos serviços de saúde bucal do SUS em um município do Vale do Jequitinhonha, MG. Trata-se de um estudo qualitativo cuja coleta de dados foi entrevista aberta com os dez dentistas do SUS do referido município. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo temático, da qual emergiram seis categorias: percepção sobre Saúde Coletiva; formação em Saúde Coletiva; percepção sobre integralidade; práticas baseadas na integralidade; contribuição do conhecimento sobre Saúde Coletiva na prática do princípio da integralidade; exercício da integralidade na prática. Concluiu-se que as práticas de Saúde Coletiva são permeadas pela integralidade nos serviços de saúde bucal do SUS. Todavia, nem sempre a integralidade é alcançada porque outras questões  como condições inadequadas de trabalho, baixo investimento na saúde bucal e inexistência de contra referência podem se constituir como entraves para o exercício da mesma. 

Palavras-chave


Saúde Coletiva; Integralidade; Odontologia; SUS

Referências


BADAN, D.E.; MARCELO, V.C.; ROCHA, D.G. Percepção e utilização dos conteúdos de saúde coletiva por cirurgiões-dentistas egressos da Universidade Federal de Goiás. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, p.1811–1818, 2010.

 

CARVALHO, Y; CECCIM, R. B. Formação e Educação em Saúde: aprendizados com a Saúde Coletiva. 2006. Disponível em: http://lms.ead1.com.br/upload/biblioteca/modulo_3658/EZIF5GLMKV.pdf . Acesso em: 20 Abr 2014.

 

MATTOS, D. A. integração curricular na odontologia e a incorporação do princípio da integralidade em saúde: encontros ou desencontros? In: MACAU LOPES, M.G. Saúde bucal coletiva: implementando idéias, concebendo integralidade – Rio de Janeiro: Editora Rúbio, 2008. cap. 5, p. 59-69.

 

MATTOS, R.A. A integralidade na prática (ou sobre a prática da integralidade). Cad. Saúde Pública, v.20, n.5, p.1411-6, Set-Out 2004.

 

NARVAI, P.C. Saúde bucal coletiva: caminhos da odontologia sanitária à bucalidade. Revista de Saúde Pública, v. 40, p.141-7, 2006.