Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Trajetória profissional de docentes de curso de Educação Física e seus reflexos para a formação sobre a saúde coletiva
MARIA LUCI E. SANTIAGO, José Ivo dos Santos Pedrosa, Alex Soares Marreiros Ferraz

Última alteração: 2015-10-19

Resumo


Desenvolvimento do trabalho: Buscou-se descrever a trajetória profissional dos docentes que ministram aulas nas disciplinas relacionadas à saúde, a partir do recorte de dissertação que pesquisou sobre o ensino da saúde no Curso de EF (CEF) na Universidade Federal do Piauí (UFPI) através de pesquisa documental. Analisou-se o currículo lattes dos docentes, que ministraram aulas nas disciplinas relacionadas à saúde. Resultados/discussão: Identificou-se que os docentes dessas disciplinas, demonstram bom potencial formador, considerando que têm uma vasta experiência docente, decorrente de um Tempo de Formação Acadêmica médio de 20,5 anos e Tempo de Trabalho na UFPI médio de 15,5 anos, além de uma Formação Acadêmica/Titulação sólida, sendo a maioria doutores, possuindo ainda, quase em sua totalidade, um regime de trabalho com dedicação exclusiva à IES e com alguns possuindo Inserção em Grupos de Pesquisa. Contudo, causa preocupação o fato de que, ao analisarmos sua atuação ligadas às atividades de pesquisa e extensão, esses docentes trabalham com uma esmagadora predominância em atividades com enfoque das ciências naturais e biológicas em detrimento às ciências humanas e sociais relacionados à EF e/ou à saúde.  Essa realidade científica, segundo Velozo (2010), está atrelada ao fato de uma relação de hegemonia de subáreas da EF, fundamentadas pelas ciências naturais, em relação às subáreas referendadas pelas ciências humanas, devido estarem ligadas à tradição do modelo biomédico como parâmetro para a intervenção na área. Observou-se ainda pouco envolvimento em projetos de extensão e em grupos de pesquisa sobre saúde coletiva da IES, como Núcleo de Estudos em Saúde Publica – NESP, fato que poderia contribuir com uma atuação docente capaz de superar ações pautadas exclusivamente nos aspectos biológicos da saúde. Para Lorenzini et al. (2009), a extensão tem sido relegada a planos menos importantes dentro das universidades. No entanto, a atualidade exige o fortalecimento da articulação do tripé ensino-pesquisa e extensão, especialmente pela função social, legal e epistemológica da universidade. Sem comentar a importância da extensão, de sua possibilidade de permanente contato com as comunidades, escolas, coletivos, militâncias políticas, instituições ou movimentos sociais como fonte de questionamentos, de diagnósticos e de respostas para os problemas abordados (SÁNCHEZ GAMBOA, 2010). Em relação ao NESP, destaca-se que este foi criado em 1990 com objetivo de desenvolver de projetos em saúde, especialmente em saúde coletiva e para o fortalecimento do SUS no Estado do Piauí. Todavia não se percebe articulação entre os professores do Curso de EF que ministram disciplinas relacionadas à saúde/temas afins. Tal aproximação seria importante para potencializar as competências e habilidades relacionadas à saúde dos futuros profissionais de EF. Considerações finais: Torna-se imprescindível investir numa formação acadêmica que equilibre a pesquisa sobre os aspectos biológicos e sociais dos sujeitos, bem como, em experiências de extensão que aproximem a academia à vida comunitária e a integração dos docentes a coletivos de pesquisa pautados na Saúde Coletiva para que se qualifique o ensino da saúde, com vista a favorecer um processo de ensino-aprendizagem pautados na integralidade da atenção à saúde e de um conceito ampliado de saúde.

Palavras-chave


Formação; Sistema Único de Saúde; Educação Física; Saúde Coletiva

Referências


CARVALHO, Yara Maria. Entre o Biológico e o social. Tensões no debate teórico acerca da saúde na Educação Física. Motrivivência. 2005; 24:97-105.

FALCI, Denise Mourão; BELISARIO, Soraya Almeida. A inserção do profissional de Educação Física na atenção primária à saúde e os desafios em sua formação. Interface (Botucatu), Botucatu. 2013;17(47):885-99.

LORENZINI, A.R. et al. Programa de formação continuada em Educação Física: sujeitos, processo e produtos. In: TERRA, D.V.; SOUZA JÚNIOR, M. Formação em Educação Física e Ciências do Esporte. São Paulo. Hucitec:CBCE, 2009. p. 147-179.

SÁNCHEZ GAMBOA, S. Epistemologia da Educação Física: as inter-relações necessárias. 2 ed. rev e ampl. Maceió: EDUFAL, 2010.

VELOZO, E.L. Educação Física, Ciência e Cultura. Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 31, n. 3, p. 79-93. 2010