Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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FATORES GERADORES DE ABSENTEISMO DE PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM SANTA CATARINA, BRASIL
NARAIANE FERMINO, Nádia Heylmann, Rosana Amora Ascari

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


INTRODUÇÃO: O absenteísmo refere-se à frequência ou duração do tempo de trabalho perdido quando os profissionais não comparecem ao trabalho, isso corresponde às ausências quando se esperava que os funcionários estivessem presentes.  No entanto, é importante considerar que as causas do absenteísmo nem sempre estão ligadas ao profissional, mas sim à instituição com processos de trabalho deficientes através da repetitividade de atividades, da desmotivação, das condições desfavoráveis no ambiente de trabalho, da precária integração entre os empregados e a organização e dos impactos psicológicos de uma direção deficiente que não visa uma política prevencionista e humanística.  Na área da enfermagem, as ausências desorganizam o trabalho de toda uma equipe, ausência que traz graves perturbações à realização das atividades e sobrecarga aos demais membros do grupo. Reduz a produção, aumenta o custo operacional e dificulta a substituição dos trabalhadores diretamente. Os fatores relacionados com o absenteísmo feminino vão desde a necessidade de cuidado dos filhos e das tarefas domésticas até a maior suscetibilidade ao estresse e a problemas de saúde. Mesmo que tenha apenas um emprego, é comum a mulher enfrentar a dupla-jornada, representada pela associação do trabalho "fora de casa" com o trabalho doméstico. Sentiu-se então, a necessidade de conhecer a incidência do absenteísmo por doença junto aos trabalhadores de enfermagem e fatores geradores deste absenteísmo, suas características em relação ao gênero, avaliando os motivos de afastamento, categoria, idade e sexo, na tentativa de refletir sobre a magnitude desta problemática para subsidiar ações de controle do absenteísmo na equipe de enfermagem de um Hospital Universitário no estado de Santa Catarina, Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, com abordagem quantitativa.  Para ter acesso aos registros, do Serviço de Atenção da Saúde do Trabalhador (SAST), foi encaminhado ao Hospital Universitário um oficio destinado ao representante do setor de RH, solicitando permissão de manuseio as informações acerca dos atestados e afastamentos para tratamento de saúde, correspondente ao período de janeiro a dezembro de 2011. A coleta de dados obedeceu a um protocolo que preservou o anonimato das informações individuais. Os dados coletados foram organizados em forma de tabelas, analisados de acordo com estatística descritiva simples e discutidos com base na literatura científica. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Este estudo compreendeu um total de 172 pessoas entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, que procuraram o atendimento no Serviço de Atenção à Saúde dos Trabalhadores (SAST) em 2011, destes foram totalizadas 136 consultas entre atestados e afastamentos. Os resultados apontam para atestados e/ou licenças médicas no período de estudo, técnicos de enfermagem (72,09%), mulheres (94,19%), na faixa etária de 26 a 35 anos (36,63%), casada (44,19%), com nenhum filho (63,37%), trabalhadoras no período noturno (38,95 %). Alguns autores relacionam como causa do absenteísmo feminino, o fato de a maioria das mulheres inseridas no mercado de trabalho ser responsável pelos afazeres de casa e cuidado com os filhos. Esta dupla jornada de trabalho repercute em seu cotidiano e durante o seu turno de trabalho, não conseguindo afastar-se dos problemas do lar. Os enfermeiros foram responsáveis por 13,5% (76) dos afastamentos. Estudo aponta que a menor frequência de afastamentos de enfermeiros no trabalho pode ser atribuída ao fato de que, sendo o profissional que responde pela equipe de enfermagem, a responsabilidade do cargo pode determinar uma presença mais constante, e menos cansativa. A ocorrência de uma maior quantidade de atestados entre os técnicos de enfermagem demonstram que quanto mais baixo o nível hierárquico ocupado pelos trabalhadores da equipe de enfermagem, maior a probabilidade de afastamentos por motivo de adoecimento. Quanto ao número de dias afastados do trabalho, se observa que das 136 consultas realizadas, 106 indivíduos que prevaleceram de 1 a 4 dias de afastamento, isto corresponde (77,94%), seguido de 5 a 10 dias com 28 afastamentos (20,58%) e dois afastamentos foram de mais de 10 dias (1,47%).  Um estudo constatou que mais de 80% de todas as ausências tem duração igual ou inferior a três dias, contribuindo com menos de 15% dos dias perdidos; e que menos de 10% dos casos são responsáveis por mais de 80% dos dias perdidos. Verifica-se entre todas as categorias estudadas que, a unidade hospitalar de internações clínicas teve maior incidência entre licenças e afastamentos (24,26%), seguido da emergência com (19,85%), a unidade de terapia intensiva - UTI com (14,70%), a unidade de internação cirúrgica teve (11,02%), maternidade e berçário com (7,35%), pediatria (5,88%), centro cirúrgico (5,14%) e oncologia com (4,41%). Dos afastamentos (n=136) a maioria foi por agravos de doenças, sendo que as doenças do olho e anexo prevalecem com 29 casos (21,32%), seguidas de doenças do sistema osteomuscular com 26 casos (19,11%); doenças do aparelho respiratório com 20 casos (14,70%); os atestados médicos por acompanhante 15 casos (11,02%), doenças do geniturinário e algumas doenças infecciosas e parasitárias somam cada uma 10 casos representando (7,35%); doenças do aparelho digestivo foram 9 casos (6,61%), gravidez, parto e puerpério com 8 casos (5,88%); doenças infecciosas intestinais 5 casos (3,67%) e as lesões e envenenamento e fatores que influenciam o estado de saúde e contato com serviço com 2 casos cada, (1,47%). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os índices de absenteísmo por doença entre os trabalhadores de enfermagem da instituição pesquisada apresentam-se elevados, indicando a necessidade de estudos em cada local de trabalho, buscando detectar problemas causais específicos de cada unidade hospitalar e avaliação da organização e posto de trabalho com vistas à melhoria das condições de trabalho e promoção da saúde dos trabalhadores de enfermagem. Há também a necessidade de criação de um banco de dados para aperfeiçoar o registro das faltas, a fim de facilitar seu controle e possibilitar futuras pesquisas, visando à saúde, segurança e boas condições de trabalho dos profissionais de saúde, considerado um recurso valioso pela Organização Mundial de Saúde.

Palavras-chave


Absenteísmo; Enfermagem; Gestão; Saúde do Trabalhador.

Referências


[1] Silva MPP, Marziale MHP. Absenteísmo de trabalhadores de enfermagem em um hospital universitário. Rev Latino Am Enferm. 2000.  8(5):44-51. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n5/12366.pdf

[2] Gehring Junior G, Corrêa Filho, HR, Vieira Neto, JD´A, Ferreira, NA, Vieira SVR. Absenteísmo-doença entre profissionais de enfermagem da rede básica do SUS Campinas. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2007, 10(3):401-409. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v10n3/10.pdf

[3] Reis RJ, La Rocca PF. Fatores relacionados ao absenteísmo por doença em profissionais de enfermagem. Rev Saúde Pública 2003; 37(5): 616-723. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rsp/v37n5/17477.pdf