Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O PAPEL DE UMA EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA REABILITAÇÃO E REINCERÇÃO DE UM FUNCIONÁRIO APÓS ACIDENTE DE TRABALHO
NARAIANE FERMINO, Carine Provensi, Bruna Raquel Kessler, Rosana Amora Ascari

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


INTRODUÇÃO: No contexto de exposição a ambientes insalubres, o trabalhador muitas vezes se encontra sob pressão, aumentando o risco de acidente de trabalho. O absenteísmo torna-se cada vez mais frequente, o que diminui a qualidade e a produtividade do trabalhador. Em decorrência do avanço das legislações na área de saúde do trabalhador, as empresas investiram na formação de equipe multidisciplinar para atuação na medicina ocupacional, ou seja, na busca da minimização dos riscos laborais e promoção da saúde do indivíduo no ambiente de trabalho. Nessas circunstâncias o enfermeiro exerce papel fundamental na recuperação de um funcionário após um acidente de trabalho, algumas vezes é nele que o funcionário mais confia. As visitas domiciliares e o acompanhamento do funcionário após o acidente de trabalho afetam diretamente o retorno do mesmo à sua antiga função. E quando o retorno ao trabalho exige mudança de função/atividade, o enfermeiro, junto com a equipe multidisciplinar deve fornecer todo o apoio para a adaptação deste funcionário em sua nova função.  O enfermeiro do trabalho deve fornecer todo apoio que o funcionário necessita após um acidente de trabalho, incluindo a visita domiciliar e o apoio à sua reinserção na empresa, o que possibilita conhecer melhor a situação do trabalhador e suas necessidades para recuperação. A partir disso, o objetivo desta revisão narrativa de literatura é conhecer o papel da equipe multidisciplinar na reabilitação do trabalhador e sua reinserção na empresa após um acidente de trabalho. METODOLOGIA: Tratou-se de um estudo de revisão narrativa da literatura.  Foi realizado um levantamento de pesquisas através dos bancos de dados disponíveis eletronicamente na Biblioteca Virtual em Saúde, além da utilização de livros e outros manuscritos para a discussão dos resultados. O período de estudo compreendeu os meses de abril a junho de 2012. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados no período de 2006 a 2011, produção nacional, disponíveis em textos completos online, tendo Brasil como país de publicação no idioma português. Os descritores utilizados foram “Enfermagem do Trabalho”; “Saúde Ocupacional”; “Reabilitação Profissional” e “Absenteísmo”, resultando em 3218 manuscritos. Posteriormente, foi realizada a leitura dos títulos e resumos na busca de evidência para responder o objetivo deste estudo. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão e leitura dos títulos e resumos na busca de evidência para responder o objetivo deste estudo, sete artigos foram incluídos nesta revisão narrativa da literatura, os quais foram lidos na íntegra e seus dados transcritos para um formulário desenvolvido para este fim possibilitando a tabulação e análise dos resultados. Por questões éticas, todas as autorias dos manuscritos utilizados nesta revisão foram citadas no capítulo das referências. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os sete artigos selecionados para este estudo versam sobre diferentes aspectos da reabilitação de funcionário após acidente de trabalho a saber: processo de retorno ao trabalho após AT; reabilitação profissional no Brasil; planejamento ergonômico do posto de trabalho; fatores que influenciam o retorno ao trabalho em acidentes envolvendo mãos; o retorno ao trabalho em trabalhadores amputados e o papel da enfermagem na reabilitação. No artigo “Aspectos relacionados ao processo de retorno ao trabalho de indivíduos com desordens musculoesqueléticas do membro superior: uma bibliografia comentada” aborda o que a empresa e os colegas deveriam oferecer ao indivíduo no retorno ao trabalho, além da reabilitação física e psicológica, o suporte familiar e social. Porém não há programas de reabilitação nas empresas, apesar da necessidade do retorno ao trabalho e evitar o desgaste emocional e perdas pessoais para o trabalhador e custos envolvidos neste processo¹. Assim, as empresas devem criar um programa de reabilitação, levando em conta que as pessoas devem ser consideradas parceiras das organizações, cujos objetivos tanto pessoais quanto organizacionais caminham em uma mesma direção². O estudo “Reabilitação profissional no Brasil: elementos para a construção de uma política pública” permitiu compreender a necessidade de uma política pública de reabilitação profissional e a reinclusão social de trabalhadores com restrições.   O artigo “Fatores associados ao retorno ao trabalho após um trauma de mão: uma abordagem qualiquantitativa” analisa a presença de um profissional para auxiliar no processo de retorno ao trabalho, tanto para indicar uma mudança temporária de setor, quanto orientar para deixar os horários flexíveis para o trabalhador continuar tratamento e adaptar a função às dificuldades no desempenho.  No estudo “A vida do trabalhador antes e após a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho (DORT)”, os autores tecem argumentos sobre a melhoria da ergonomia no trabalho, planejando as condições em que esse trabalhador vai desempenhar sua função, ficando a equipe multidisciplinar responsável para encontrar formas de minimizar as inadequações do ambiente de trabalho³. Quando analisado o manuscrito “Acidentes de trabalho envolvendo mãos: casos atendidos em um serviço de reabilitação”, identificou-se de se apropriar sobre os acidentes de trabalho envolvendo mãos, em decorrência da gravidade e alta incidência destes casos, além de causarem graves prejuízos psicológicos, econômicos e nos papéis sociais desempenhados pelos indivíduos, considerando que este é o tipo de acidente que ocasiona maior dificuldade no retorno ao trabalho4. Os casos de retorno ao trabalho são muito baixos e o índice de aposentadoria elevados devido a média de idade na época da amputação e etiologia vascular prevalente, geralmente associada com outros fatores, é o que retrata o artigo “Retorno ao trabalho em amputados dos membros inferiores”5.  O atraso no encaminhamento e na inclusão do amputado em programa de reabilitação, por falta de condições técnicas, é uma característica fortemente determinante do resultado final de todo trabalho da equipe multidisciplinar de reabilitação³. O último artigo analisado: “Papel da enfermagem na reabilitação física”6 abordou a importância de um bom relacionamento entre membros da equipe multidisciplinar e as qualificações do enfermeiro para que haja um bom processo de reabilitação. A efetividade da equipe está diretamente vinculada ao nível de esforço coletivo empreendido pelos membros para produzir os resultados da tarefa, da quantidade de conhecimentos e habilidades que esses trazem para desenvolvê-la e do grau de adequação das estratégias de desempenho por eles escolhidas. CONCLUSÃO: A partir da revisão foi possível compreender que o retorno do funcionário ao trabalho está diretamente vinculado à atenção da equipe multidisciplinar na sua reabilitação, pois é devido a ela que o paciente recebe as orientações, cuidados e tratamento para facilitar a sua volta ao trabalho, também é a equipe multidisciplinar que deve analisar as necessidades do trabalhador após o acidente ou doença e realocá-lo na função que ele esta apto a desenvolver. Contudo, ainda não há políticas públicas específicas para a temática em questão. Observou-se, a necessidade de um profissional para orientar a volta do funcionário ao trabalho na empresa, a fim de facilitar sua adaptação, respeitando as dificuldades do trabalhador e melhorando a ergonomia do trabalho. A área de saúde ocupacional permite o planejamento das ações da equipe multidisciplinar, a sistematização da assistência, a discussão das decisões a serem tomadas e o desenvolvimento de atividades que promovam o bem-estar físico e psíquico do trabalhador.

Palavras-chave


Absenteísmo; Saúde do Trabalhador; Gestão; Equipe Multidisciplinar.

Referências


[1] Silva SR; Guimarães EV; Rodrigues AMVN. Aspectos relacionados ao processo de ] retorno ao trabalho de indivíduos com desordens musculoesqueléticas do membro superior: uma bibliografia comentada. Rev. Terapia Ocupacional. 2007; v. 18, n. 1, p. 38-43.

[2] Penatti I; Zago SJ; Quelhas O. Absenteísmo: As conseqüências na gestão de pessoas. III SEGeT – Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, p. 1-11. Disponível em http://www.aedb.br/seget/artigos06/898_Seget_Izidro%20Penatti.pdf

[3] Silva OM. (Consultor em Reabilitação Profissional) Fundamentos da reabilitação profissional. 2005. Disponível em: http://www.crfaster.com.br/rb2.pdf

[4] Souza MAP; Cabral LHA; Sampaio RF; Mancini MC. Acidentes de trabalho envolvendo mãos: casos atendidos em um serviço de reabilitação. Fisioterapia e pesquisa; 2008; vol. 15, n. 1, p. 64-71.

[5] Guarino P; Chamlian TR; Masiero D. Retorno ao trabalho em amputados dos membros inferiores. Acta Fisiatr, 2007; vol. 14, n. 2, p.100 – 103.

[6] Andrade, LT; Araújo EG; Andrade KRP; Soares DM; Cianca TCM. Papel da enfermagem na reabilitação física. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília; 2010, vol. 63, n. 6, p. 1056-1060.

[7] Queiroz E; Araujo TCCF. Trabalho de equipe em reabilitação: um estudo sobre a percepção individual e grupal dos profissionais de saúde. Paideia, 2009, vol. 19, n. 43, p. 177-187.