Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
AVALIAÇÃO DO RISCO DE ADOECIMENTO ENTRE PROFISSIONAIS DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ/SC
Naraiane Fermino, Priscila Locatelli, Katrini dos Santos Conteratto, Calandra Zotti, Clodoaldo Antônio de Sá, Rosana Amora Ascari, Tania Maria Ascari
Última alteração: 2015-10-30
Resumo
INTRODUÇÃO: Nas últimas décadas as transformações ocorridas em todo o mundo tiveram intensa repercussão na saúde dos indivíduos e coletividade dos trabalhadores. A inclusão crescente de novas tecnologias, aliadas a um novo conjunto de inovações organizacionais modificou fortemente a estrutura produtiva dos países em desenvolvimento, resultando em mudanças profundas na organização, nas condições e nas relações de trabalho. O fortalecimento laboral reflete na atual fase do sistema capitalista, implicando em um grande consumo das energias físicas e psíquicas dos trabalhadores. A insegurança gerada pelo medo do desemprego submete os indivíduos a contratos de trabalho precários, baixos salários e a ambientes insalubres e de alto risco, comprometendo a saúde e a vida do trabalhador. Nessa perspectiva, destaca-se a indústria da construção civil, que é considerada um setor de amplo avanço para a atual economia brasileira. Porém, este setor expõe graves problemas que necessitam com extrema urgência serem resolvidos, como exemplos: as não conformidades com as leis vigentes, frequente informalidade da mão de obra, baixa escolaridade dos trabalhadores, problemas de produção e qualidade, entre outros². O objetivo deste estudo foi avaliar os riscos de adoecimento presentes nas atividades laborais dos trabalhadores da Construção Civil no município de Chapecó/SC, Brasil e identificar o perfil destes trabalhadores. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa transversal de abordagem quantitativa, tendo como cenário uma empresa do ramo da construção civil, localizada no município de Chapecó-SC, Brasil. Participaram 73 indivíduos atuantes nos seis canteiros de obras da referida empresa no período de novembro e dezembro de 2013. O instrumento utilizado para a pesquisa foi o Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA), que tem por finalidade investigar o trabalho e os riscos de adoecimento por ele provocado em termos de representação do contexto de trabalho, exigências (físicas, cognitivas e afetivas), vivências e danos³. É apresentada a partir da descrição do contexto de trabalho avaliada pela Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT); descrição das exigências avaliada pela Escala de Custo Humano no Trabalho (ECHT); descrição do sentido do trabalho, avaliada pela Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho (EIPST) e descrição de efeitos do trabalho para a saúde avaliados pela Escala de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho (EADRT). A pesquisa seguiu as recomendações da Resolução 466/2012 e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina sob nº 433.212/2013. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Ao analisar as características dos trabalhadores da construção civil, houve predomínio do sexo masculino (92%), entre 18 a 28 anos (29%), casado (49%), com ensino fundamental incompleto (29%), atuando entre 6 a 10 anos na construção civil (24%) e trabalhando na atual instituição de 6 a 11 meses (39%), no período diurno, com carga diária de 9 horas, totalizando 44 horas semanais. A EACT é composta por: organização do trabalho, condições de trabalho e relações sócio profissionais. O primeiro fator foi avaliado com média 3,68, na avaliação moderada, considerada crítica representando situação-limite, potencializando o custo negativo e o sofrimento no trabalho. O segundo fator, Relações Sócio profissionais, obteve média 1,88 sendo avaliada como positiva satisfatória. O último fator desta escala são as Condições de Trabalho, avaliada como positiva, satisfatória. A ECHT é composta por: custo físico, cognitivo e afetivo. O primeiro fator obteve resultado negativo, tendo como consequência o risco de adoecimento, requerendo providencias imediatas nas causas. O fator Custo Cognitivo, teve avaliação moderada, crítico. O terceiro fator, custo afetivo, foi avaliado positivamente, satisfatório. A EIPST é composta por: realização profissional e liberdade de expressão, esgotamento profissional e falta de reconhecimento. A partir dos resultados o fator Realização Profissional, foi avaliado com média 4,65, sendo avaliado positivamente, satisfatória. O segundo fator, Liberdade de Expressão, obteve resultado 4,17, situando o mesmo na avaliação positiva, satisfatória. O terceiro fator, Esgotamento Profissional, resultou média 2,02, situando o mesmo na avaliação negativa, porém satisfatória. O quarto fator, Falta de Reconhecimento, atingiu média 1,21, sendo avaliado negativamente, porém satisfatório. A EADRT é composta pelos fatores: danos físicos, danos psicológicos e danos sociais. Em ambos os fatores, foram obtidos resultados positivos suportáveis, ou seja, esta avaliação significa resultados positivos e que devem ser mantidos. CONCLUSÃO: Apesar de ser um instrumento longo, o ITRA, proporciona a identificação dos riscos de adoecimento em vários contextos do ambiente laboral e como a enfermagem pode atuar sobre esses riscos, além disso, sua aplicação gera uma reflexão nos trabalhadores sobre o processo de trabalho e as relações com sua saúde. A partir disso, espera-se que este estudo possa refletir no olhar de todos os profissionais da saúde, principalmente, dos enfermeiros que têm um papel fundamental na promoção e prevenção à saúde desses trabalhadores, tanto no âmbito assistencial e administrativo quanto no da educação, integração e principalmente no âmbito da pesquisa que no decorrer do estudo percebeu-se fragilidades em relação à indústria da construção civil, que possui um vasto campo para estudo e pesquisa.
Palavras-chave
Saúde do Trabalhador; Risco Ocupacional; Enfermagem; Gestão.
Referências
[1] ELIAS, Marisa Aparecida; NAVARRO, Vera Lúcia. A relação entre o trabalho, a saúde e as condições de vida: negatividade e positividade no trabalho das profissionais de enfermagem de um hospital escola. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2006, v. 14, n. 4, p. 517-525. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v14n4/v14n4a08
[2] SILVA, Teresa de Fátima da; OLIVEIRA, Ivanete da R.S. A saúde do trabalhador da construção civil: o papel do enfermeiro do trabalho na prevenção de acidentes. [Rio de Janeiro], 2012. Disponível em: http://www.redentor.inf.br/arquivos/pos/publicacoes/10082012TCC%20TERESA%20DE%20FATIMA.pdf
[3] MENDES, Ana Mognólia; FERREIRA, Mario César. Inventário sobre trabalho e riscos de adoecimento – ITRA: Instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: MENDES, Ana Mognólia. Psicodinâmica do Trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. cap. 5, p.111-126.