Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE PACIENTES DIABÉTICOS ATENDIDOS EM UMA POLICLÍNICA NO MUNICIPIO DE PARINTINS - AM, CADASTRADOS NO PROGRAMA HIPERDIA
Yara Nayá Lopes de Andrade, Márcia Gonçalves Costa, Jéssica Anne Pereira Côrrea, Marina Teixeira Chaves Ferreira, Mayara Karolyne da Silva Alencar, Tâmille de Souza Vieira Machado, Isaura Letícia Tavares Palmeira Rolim, Denise do Nascimento Pedrosa

Última alteração: 2016-03-21

Resumo


Introdução: O Diabetes é uma das alterações metabólicas que mais frequentemente acomete a população, sendo motivo de grande preocupação para as autoridades e profissionais da saúde, uma vez que se não tratada e controlada pode resultar em alterações sistêmicas e mutilações. Desta forma, o Ministério da Saúde tem desenvolvido, na atenção primária, o Programa HIPERDIA. O Programa HIPERDIA é considerado um instrumento desenvolvido para o acompanhamento de usuários hipertensos e/ou diabéticos, tendo como principal objetivo vincular o paciente à Unidade Básica de Saúde (UBS) e à Estratégia de Saúde da Família (ESF) de sua referência, realizando uma assistência contínua e de qualidade, fornecendo regularmente, de acordo com a prescrição médica, medicamentos gratuitos. Infelizmente, o número de pessoas acometidas pelo diabetes é alarmante, fato que tem ganhado espaço nas discussões sobre políticas públicas. A falta de compreensão dos profissionais de saúde sobre o cotidiano dos usuários está, na maioria das vezes, relacionada com a ineficácia do tratamento. Desta forma torna-se imprescindível a identificação dos perfis dos clientes atendidos no programa HIPERDIA. Objetivo: Conhecer a quantidade de pacientes diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA da Policínica Tia Leó – Parintins/Amazonas. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo, de abordagem quantitativa e utilização do método descritivo. O estudo foi realizado na Policlínica Tia Léo, localizada no município de Parintins-Am. A referida instituição conta com um quadro de 46 servidores prestando serviços de qualidade para a população, funcionando de segunda à sexta em dois turnos. O público alvo dos atendimentos são todas as pessoas da área de abrangência, de qualquer faixa etária, bem como os usuários oriundos da zona rural. A população escolhida para o estudo foi pacientes cadastrados no Programa HIPERDIA da referida instituição, realizando uma estratificação dos pacientes acometidos pelo Diabetes e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e Diabetes. Foram analisados 504 prontuários, considerando o total dos pacientes cadastrados no Programa HIPERDIA, isto é, hipertensos, diabéticos, hipertensos e diabéticos. Sendo desconsiderados, de acordo com os critérios de exclusão, somente os pacientes hipertensos, gestantes e indígenas, resultando em um quantitativo de 127 prontuários. O instrumento aplicado na pesquisa foi um formulário composto por variáveis de identificação sociodemográfico e informações específicas da patologia, elaborado pelos próprios pesquisadores. A coleta de dados foi realizada no período do mês de novembro de 2014, após a aceitação da Carta de Anuência destinada à Policlínica Tia Léo. Os dados coletados foram inseridos em banco eletrônico, utilizando-se planilhas do programa Microsoft Excel®2013, em seguida as informações foram trabalhadas, inicialmente, por meio de métodos de análise descritiva e posteriormente, realizado o cálculo das frequências e percentuais estatísticos. Os resultados foram apresentados em forma de gráficos. Este estudo obedece aos preceitos éticos que, de acordo com a Lei 466/2012 pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), está isento de submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) por se tratar de um estudo realizado através da coleta de dados secundários não envolvendo, portanto, seres humanos. A Carta de Anuência foi encaminhada para a direção da Policlínica Tia Léo juntamente com o Termo de Compromisso e Utilização de Dados – TCUD. Resultados: Dos 127 prontuários analisados, no que se refere aos dados sócio demográfico, notou-se a prevalência de pacientes do sexo feminino (68 mulheres), bem como a faixa etária predominante sendo maior que 50 anos de idade. A maior parte dos pacientes (66%), foram classificados com o IMC entre sobrepeso e obesidade grau I. Em relação à assistência multiprofissional destinada ao atendimento dos portadores de DM, conclui-se que a maior parte dos pacientes são encaminhados ao nutricionista, ortopedista e dentista e, em menor proporção, alguns são encaminhados ao endocrinologista, médicos responsáveis pelo tratamento e cuidado aos distúrbios metabólicos. Cerca de 29% dos pacientes são encaminhados para o nutricionista, 21% para o ortopedista e 19% para o dentista. Também houve uma associação entre o bairro de maior prevalência de pacientes acometidos por DM com as baixas condições socioeconômicas das regiões de periferia do município nas quais se encontram esses pacientes, desprovidos de saneamento básico e acompanhamento educacional e informativo por parte dos profissionais de saúde daquela região. Em relação a essa variável observou-se que 31% dos pacientes residem no bairro Itaúna I, seguido de 27% que residem no bairro Djard Vieira e outros 17% residem no bairro João Novo. No que se refere ao tratamento da DM, 106 pacientes fazem uso de Glibenclamida, outros 67 fazem uso de Metformina e os demais utilizam outros medicamentos com um percentual de menor relevância estatística, houve uma predominância dos hipoglicemiantes orais, como primeira escolha (glibencamida, metformina) e AAS, seguido do uso padronizado de insulinas. Quanto ao tempo de tratamento, 55% dos pacientes faziam uso de algum medicamento por um período de tempo entre 9 a 12 anos; outros 23% utilizavam entre 4 a 8 anos e 18% realizavam tratamento há menos de 3 anos.  Considerações finais: Esta pesquisa possibilitou conhecer o quantitativo de pacientes diabéticos cadastrados no programa HIPERDIA da Policínica Tia Leó – PIN/AM. Dessa forma, os objetivos propostos pelo presente estudo foram alcançados com êxito chegando à conclusão que, para promover a melhoria na qualidade de vida dos pacientes portadores do DM, é necessário que a equipe multidisciplinar desenvolva ações educativas e informativas, uma vez que é essencial que o cliente conheça a doença, para assim poder participar ativamente do processo de tratamento, adotando práticas de estilo de vida mais saudáveis. Assim, os autores sugeriram que, a partir do conhecimento proporcionado por esta pesquisa sobre o perfil dos clientes diabéticos, sejam realizadas atividades que possam aproximar o cliente dos profissionais de saúde, através da realização de rodas de conversas ou quaisquer outros tipos de ações educacionais em saúde, como atividades dinâmicas, demonstrações de hábitos saudáveis, distribuições de folders informativos, entre outras ações. Portanto, os autores consideram que para se restabelecer a qualidade de vida de uma pessoa, faz-se necessário não apenas o conhecimento da patologia e do tratamento medicamentoso, como também o conhecimento do perfil do indivíduo assistido, onde está incluído na sociedade, seu grau de instrução, seus medos e dúvidas sobre a doença que o acomete, etc. É importante que o cliente seja colocado como ator principal do processo de tratamento, e não como um simples especulador e executor de medidas repassadas por um profissional de saúde, que deve atuar como uma ponte para uma boa qualidade de vida. É necessário que a equipe multidisciplinar desenvolva ações educativas e informativas nesse processo de tratamento, na promoção de práticas de vida mais saudáveis.

Palavras-chave


Atenção Básica; Equipe Multidisciplinar; Diabetes e Hipertensão

Referências


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