Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O olhar dos médicos e enfermeiros sobre colegas gays e lésbicas
Bruno Vitiritti Ferreira Zanardo, Guilherme Ribeiro Gama, Sonia Maria Oliveira de Andrade

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A homofobia é um termo atual utilizado para designar o preconceito para aqueles de quem supõem o desejo ou prática sexual com indivíduos do mesmo sexo. Este trabalho tem por objetivo analisar a forma como médicos e enfermeiros veem seus colegas de trabalho gays e lésbicas. Foram entrevistados quatorze médicos e enfermeiros de orientação hétero e homossexual, que atuam profissionalmente na cidade de Campo Grande-MS. O referencial teórico utilizado é o da psicologia social, de cunho construcionista. A abordagem construcionista apresenta-se como uma postura fortemente desreificante, desnaturalizante e desessencializante, que radicaliza tanto a natureza social do nosso mundo quanto a historicidade de nossas práticas e de nossa existência. As entrevistas foram colhidas entre janeiro e abril de 2013, após autorização do Comitê de Ética/UFMS e assinatura do TCLE. Os resultados revelaram que os médicos e enfermeiros entrevistados acreditam haver preconceito contra os colegas de classe, porém esse preconceito é velado e não manifesto de maneira clara e objetiva. Percebeu-se que quando o profissional é declarado homossexual sua percepção dessa realidade é mais detalhada e ilustrada de exemplos vividos, ou por si ou por demais colegas. Viu-se que médicos e enfermeiros heterossexuais do sexo masculino rejeitam a ideia da existência de um preconceito e discriminação em seu próprio ambiente de trabalho, porém vale ressaltar que a ideia desses eventos nos discursos destes profissionais representaria ameaças e manifestações de agressão. As enfermeiras heterossexuais aproximaram-se de um discurso inclusivo e solidário a realidade vivenciada pelos colegas, relatando que o que ocorre é uma segregação natural, ocasionada provavelmente pela cultura heteronormativa, em que se exclui a naturalidade dos discursos de pessoas homossexuais. A diversidade encontrada nos discursos dos profissionais médicos e enfermeiros nos permite uma aproximação do quadro vivenciado pelos profissionais homossexuais. A partir do conhecimento da realidade poderíamos refletir e evoluir as opiniões acerca dela.

Palavras-chave


LGBT; homofobia; serviços de saúde; relação profissional

Referências


  1. SPINK, M.J.P. (1996). O discurso como produção de sentido. Em: NASCIMENTO-SCHULZE, C. (org.). Novas contribuições para a teorização e pesquisa em representação social. Coletâneas da ANPEPP, v.1 (10), p.37-47.
  2. SPINK, M.J.P. (org.) (1999). Práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez.
  3. BRAIT, B. (org.) Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. 2 ed. Campinas: Editora UNICAMP. 2005.