Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A relação médico-paciente LGBT: outra visão do usuário sobre os serviços de saúde
Guilherme Ribeiro Gama, Bruno Vitiritti Ferreira Zanardo, Sonia Maria Oliveira de Andrade

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Desde que foi instituído pela Constituição Federal em 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem como princípios o acesso integral, universal e igualitário à população do Brasil. Coube ao presente trabalho analisar as opiniões dos usuários do SUS pertencentes à população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) quanto às relações interpessoais desenvolvidas com profissionais de saúde. Foram realizadas doze entrevistas com indivíduos pertencentes à população LGBT, moradores da cidade de Campo Grande – MS. As entrevistas foram gravadas em áudio, após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFMS. O referencial teórico utilizado para a análise dos dados foi a abordagem construcionista da psicologia social. Os resultados mostraram que ocorrem fatos discriminatórios dentro do atendimento no SUS. Foram relatados principalmente casos de terceiros, presenciados ou não pelos entrevistados, o que está em desacordo com o que é preconizado nas diretrizes do SUS. Os entrevistados relataram, por diversas vezes, um olhar diferente, uma mudança de tom por parte dos profissionais de saúde, o que corrobora para uma sensação de desconforto dos usuários atendidos por eles. Outros foram questionados sobre suas sorologias relativas a doenças sexualmente transmissíveis. Indivíduos que não se comportam conforme o preconizado pela cultura heteronormativa também estão suscetíveis a uma maior predisposição para o preconceito. Mesmo diante da observação da demonstração de preconceito para com conhecidos, os indivíduos relataram que pessoalmente não se sentiram discriminados quando em contato com o serviço de saúde. Conclui-se que, apesar dos esforços para tornar a sociedade mais tolerante com indivíduos pertencentes à população LGBT e, consequentemente, o atendimento em saúde, o SUS ainda apresenta vieses quanto ao seu princípio de equidade.

Palavras-chave


relação médico-paciente; LGBT; princípio de equidade no SUS

Referências


  1. SPINK, M.J.P. (1996). O discurso como produção de sentido. Em: NASCIMENTO-SCHULZE, C. (org.). Novas contribuições para a teorização e pesquisa em representação social. Coletâneas da ANPEPP, v.1 (10), p.37-47.
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  3. BRAIT, B. (org.) Bakhtin, dialogismo e construção do sentido. 2 ed. Campinas: Editora UNICAMP. 2005.