Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE: experiências de egressos de um curso de especialização em saúde da família
Mariana Véo Nery de Jesus, Alisson Araújo, Liliane Consolação Campos Ribeiro

Última alteração: 2015-10-20

Resumo


Desde a 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, são constantes as preocupações com a necessidade de formação e capacitação dos profissionais de saúde. É necessária a modificação do processo de trabalho desses profissionais a fim de transpor o paradigma hegemônico (hospitalocêntrico/biomédico) para o paradigma social (ampliação do conceito de saúde). Logo, surge o conceito de Educação Permanente em Saúde (EPS) que reconhece que é no cotidiano do trabalho que o profissional tem o potencial de se colocar em reflexão quanto à sua prática, além de colaborar para a organização do processo de trabalho da equipe. O Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família da Universidade Federal de Minas Gerais traz essa modalidade educativa como eixo condutor do processo ensino-aprendizado dos alunos médicos, enfermeiros e cirurgiões-dentistas da atenção primária à saúde, valorizando a aprendizagem significativa e a problematização como concepções pedagógicas. O objetivo desse estudo foi conhecer as experiências de educação permanente em saúde, bem como as facilidades e dificuldades, para a organização do processo de trabalho cotidiano na perspectiva dos egressos desse curso. A metodologia proposta foi um estudo descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido por meio de entrevistas, em um roteiro semiestruturado, aos egressos desse curso e que atuam na Estratégia de Saúde da Família das microrregiões de Viçosa/MG e Ponte Nova/MG. Essas entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas pelo conteúdo na modalidade temática proposto por Bardin. O resultado despontou um movimento de ações que estão sendo realizadas a fim de trabalharem a EPS como: capacitações para a equipe, reuniões para a organização do processo de trabalho e as ações de educação em saúde. Entre as facilidades observadas foi notória a colaboração do curso de especialização como potencial na provocação de mudanças no cotidiano do processo de trabalho destes sujeitos de pesquisa. Além disso, as parcerias realizadas, citando como exemplo a instituição formadora, a Universidade Federal de Viçosa; o trabalho em equipe e a vinculação dos profissionais com o município e comunidade. Quanto às dificuldades, foram destacadas: a sobrecarga dos profissionais da enfermagem; a desorganização do processo de trabalho da equipe; a falta de motivação de alguns profissionais; a falta de integração da equipe de saúde bucal com os outros integrantes da equipe; e a manutenção das concepções do antigo modelo. Vale ressaltar que ainda são incipientes as ações para o controle social incorporado ao processo de educação permanente em saúde. Esperamos que esse estudo possa contribuir para a consolidação do processo da EPS, além de trazer contribuições ao Curso de Especialização em Atenção Básica em Saúde da Família e demais processos educativos similares vigentes no Brasil e no mundo. Assim, favorecendo essa reflexão permite o (re) conhecimento da EPS como política que orienta a formação e a qualificação destes trabalhadores, apoiando os processos de mudança e a implantação da Reforma Sanitária e a construção do Sistema Único de Saúde, para um melhor atendimento às necessidades de saúde dos cidadãos.

Palavras-chave


Atenção primária à saúde; Saúde da família; Educação permanente; Formação de recursos humanos; Educação à distância.

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