Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Conversa ao pé do ouvido: produzindo ferramentas-armas
Jaqueline Dinorá Paiva de Campos

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


Esse artigo é uma bifurcação da dissertação intitulada “Cartografia de vida no trabalho educativo com jovens e adultos: conversas-em-ação”. Nomeia e conceitua três instrumentos no trabalho pedagógico: o olhar-rizomático, a escuta-inscrição e o corpo-pendular, quando questiona as margens de possibilidades que a educação de jovens adultos, na modalidade não presencial, pode proporcionar quando acolhe ou aborda as histórias de vida que a demandam, não a forma como se oferece: regularização da vida escolar, apoio aos exames e certificação. Seus alunos experimentaram a exclusão da escola regular por motivo de raça, gênero, idade, classe social, privação de liberdade, drogadição, dificuldades de aprender no mesmo ritmo de seus colegas, inserção precoce no mundo do trabalho; para outros, a escola desponta como parte do projeto “terapêutico-disciplinar” para o abandono das drogas; como meio de obter ou manter o emprego e renda diante da solicitação de um diploma escolar; os idosos buscam acolhimento na vida social, motivo de circulação e vínculos inovadores.  A busca pela escola de “adultos” já registra uma busca “particular” daqueles que não perderam ou recuperaram, apesar dos rótulos, idade e dificuldades, os sonhos e planos de trabalho e lugar social. Buscou a arte e a filosofia como intercessores para aparelhar ferramentas relacionais – o olhar, o corpo e o ouvir - na produção de armas de luta para reinvenção da vida, capacidade germinal para uma educação que maquine outras composições sociais, novos pactos pela vida em sociedade, novas inclusões na criação de mundos possíveis, ou seja, uma educação distinta daquela que lhe/nos é “regular” a qual partilha dos modos de levar a vida ditada pelo saber formal, onde o que sentimos e vivemos podem perder a intensidade e ganhar ajustamento em valores morais e em expectativa de gênero, classe social, raça, passado.  Conversa com a arte de Tomas Saraceno, Lygia Clark e Lucio Fontana pela “especialidade” de ver os invisíveis, as germinações, os inusitados, os fazimentos e desfazimentos de mundos subjetivos, cognitivos ou materiais, na qual a multiplicidade que emerge não é dada a priori, é posteriori – produto relacional.

Palavras-chave


Subjetividade e Educação; Educação e Produção de Saúde; Educação de Jovens e Adultos.