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O Grupo de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho em Saúde do Núcleo de Estudos de Saúde Pública da Universidade de Brasília – Brasil (GEPTS/NESP/UnB) foi criado em 2010 e tem se configurado como um espaço de debate sobre a temática do trabalho e da formação em saúde. O Grupo tem o trabalho na atenção primária à saúde como principal objeto de estudo e vem utilizando como referenciais a ergologia e a teorização brasileira sobre o trabalho em saúde. Apresenta-se aqui o resultado de reflexões oriundas de pesquisas desenvolvidas pelo grupo acerca da atenção primária à saúde (APS) como espaço potencial de criatividade, tendo por base revisão da literatura e análise de experiências do cotidiano do trabalho das equipes, retiradas da Rede HumanizaSUS, uma rede colaborativo-social online, que se constitui numa das estratégias da Política Nacional de Humanização.  Conceitua-se a criatividade como um processo social participativo originado a partir das potências locais, onde indivíduos agem integrados a coletivos de trabalho, movidos por desconforto intelectual que os impulsiona a enfrentar os constrangimentos do meio e a encontrar as reservas de alternativas presentes no contexto. Um ambiente comporta sempre, em graus variáveis, limites e potencialidades à criatividade, que serão geridas pelos indivíduos e grupos, em meio a um debate de normas e de valores que estão presentes em toda situação de trabalho. Nesse contexto desafiador, a criatividade é um elemento-chave presente no cotidiano do trabalho, seja na relação dos profissionais com os usuários, na relação entre os próprios profissionais, como na organização e gestão do trabalho. A criatividade pode ser para os trabalhadores, motor e resultado: da busca de eficácia das ações; da proteção da própria saúde; do reconhecimento e valorização do seu trabalho, por si mesmo ou pelos outros; de maneiras de desenvolver o trabalho de forma mais prazerosa. Na atenção primária é um meio para reinventar e produzir ações de saúde para além das normas e dos organogramas e que exige dos trabalhadores uma abertura para o novo, para o desconhecido, para a aprendizagem. As experiências analisadas evidenciam que a criatividade é uma necessidade; pressupõe desconforto intelectual; o conhecimento favorece a criatividade; e no cenário onde ocorrem, os profissionais autorizam-se a criar.  O cenário da atenção primária no Brasil pode parecer, à primeira vista, pouco fértil a ações criativas, mas a complexidade do processo saúde-doença tem mobilizado trabalhadores, em função da urgência de eficiência e eficácia, a pensar maneiras de produzir cuidado de qualidade e de vivenciar menos sofrimento no trabalho. 

Atenção Primária à Saúde; Criatividade; Trabalho